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Vol. 96. Núm. 6.
Páginas 693-701 (Novembro - Dezembro 2020)
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Páginas 693-701 (Novembro - Dezembro 2020)
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Prevalence and factors associated with bullying: differences between the roles of bullies and victims of bullying
Prevalência e fatores associados ao bullying: diferenças entre os papéis de vítimas e agressores
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Georgia Rodrigues Reis e Silvaa,
Autor para correspondência
georodrigues19@yahoo.com.br

Autor para correspondência.
, Maria Luiza Carvalho de Limab, Raquel Moura Lins Aciolic, Alice Kelly Barreirad
a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/PE), Instituto Aggeu Magalhães (IAM), Programa de Doutorado em Saúde Pública, Recife, PE, Brasil
b Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/PE), Instituto Aggeu Magalhães (IAM), Recife, PE, Brasil
c Prefeitura do Recife, Recife, PE, Brasil
d Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva, Recife, PE, Brasil
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Tabelas (3)
Tabela 1. Descrição das variáveis, operacionalização e categorização das variáveis estudadas
Tabela 2. Análise univariada das variáveis relacionadas à pessoa associada à ocorrência de bullying seja na condição de vítima ou agressor
Tabela 3. Análise multivariada por modelagem multinível dos fatores relacionados à pessoa na condição de vítima e agressor de bullying
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Abstract
Objective

To identify the differences between the prevalence and factors associated with involvement in bullying among schoolchildren from Recife, in the role of victim and perpetrator.

Method

This is an epidemiological, cross‐sectional, analytical study, with a probabilistic cluster sample of 1,402 students enrolled in high schools in Recife. Data analysis consisted of a descriptive analysis, followed by the application of Pearson's chi‐squared test with statistical significance of 0.05 and 95% confidence interval. For the association analysis, multilevel modeling was used to control the cluster effect.

Results

It was observed that adolescents who feel different from other peers were associated with bullying, regardless of the role played. Being a victim was associated with being female, having low self‐esteem, and using tranquilizers; being a transgressor was a protective factor. As for the role of perpetrator, being male, excessive alcohol consumption, having poor school performance, being a transgressor, and accepting peer violence were the associated variables; in turn, not defending their ideas when among friends showed to be a protective factor for bullying.

Conclusion

The differences between the adolescents, whether in the role of victim or perpetrator, indicate that the advocacy and prevention actions should focus on these aspects, mainly in the school environment.

Keywords:
Prevalence
Bullying
Aggression
Victimization
Resumo
Objetivo

Identificar as diferenças entre prevalências e os fatores associados ao envolvimento em bullying entre adolescentes escolares do Recife no papel de vítima e agressor.

Método

Estudo epidemiológico de corte transversal analítico, com amostra probabilística por conglomerados de 1.402 estudantes matriculados no ensino médio de escolas do Recife. A análise dos dados foi constituída de uma análise descritiva, seguida da aplicação do teste de Qui‐Quadrado de Pearson com significância estatística de 0,05 e Intervalo de Confiança de 95%. Para a análise de associações foi empregada a modelagem multinível para controle do efeito do conglomerado.

Resultados

Observou‐se que o adolescente que se sente diferente dos outros colegas apresentou associação com o bullying independente do papel desempenhado. A condição de ser vítima mostrou associação com ser do sexo feminino, ter baixa autoestima e utilizar tranquilizantes, além disso, ser transgressor mostrou ser fator de proteção. No papel de agressor de bullying ser do sexo masculino, fazer uso de álcool em excesso, ter um ruim desempenho escolar, ser transgressor e aceitar violência entre pares foram as variáveis associadas; por sua vez, não defender suas ideias com amigos revelou ser fator de proteção para prática do bullying.

Conclusão

As diferenças apresentadas entre os adolescentes, seja no papel de vítima ou de agressor, apontam que condutas de promoção e prevenção tenham enfoque que considerem tais aspectos principalmente no ambiente escolar.

Palavras‐chave:
Prevalência
Bullying
Agressão
Vitimização
Texto Completo
Introdução

A violência entre escolares é um problema mundial de grande relevância para a saúde pública e representa uma questão crítica e desafiadora, devido ao impacto social e no desenvolvimento dos envolvidos.1 A realidade das escolas brasileiras não difere e essas manifestações têm tomado proporções assustadoras nos dias atuais.2

No ambiente escolar, existe uma categoria específica de violência ou comportamento agressivo denominado bullying, uma subcategoria da violência entre pares que apresenta características próprias, como intencionalidade do comportamento, repetição e desequilíbrio de poder.3 Esse fenômeno apresenta quatro tipos de envolvimento: vítimas, agressores, vítimas‐agressoras e testemunhas.4

Dentre os papéis de envolvimento destacam‐se as vítimas, pessoas que vivenciaram alguma situação de vitimização de forma intencional, repetidas vezes, e que julgam ter pelo menos uma característica, seja física, social ou psicológica, que o coloque em desequilíbrio de poder com relação ao seu agressor.5 Enquanto que os agressores são sujeitos que agridem outro(s) sem ter havido necessariamente provocação por parte da vítima.5 Por vezes, julgam que sua conduta pode trazer benefícios materiais e sociais e normalmente são populares.

O bullying é uma prática que tem acarretado problemas comportamentais, físicos e emocionais de curto e longo prazo aos envolvidos.6 A literatura tem destacado que as consequências do envolvimento diferem conforme o papel desempenhado, entre os quais se verificam nas vítimas: dificuldades nas atividades escolares e relacionamento, presença de distúrbios mentais na vida adulta, diminuição da autoestima, maior propensão ao abandono escolar,7 automutilação e comportamento suicida.8 Aos agressores essa exposição pode ocasionar problemas nos relacionamentos afetivos e sociais, dificuldade de respeitar as leis, menor autocontrole, maior probabilidade de se tornarem pessoas mais agressivas ou agressores envolvidos em criminalidade.7

Dados de pesquisa desenvolvida em 40 países com 202.056 adolescentes escolares encontrou prevalência de 12,6% de vítimas de bullying e 10,7% de agressores.9 Pesquisas feitas com escolares brasileiros têm verificado prevalência de vítimas de bullying de 7,1 a 37, 6%6,10,11 nas escolas públicas e de 7,6 a 35% nas escolas privadas.6,11 Já a prevalência de agressor de bullying encontra‐se entre 15 a 39,7%.6,12,13 Observa‐se, portanto, uma grande variação da prevalência entre as pesquisas, fato que pode estar relacionado aos diferentes critérios de classificação do bullying e ao uso de diferentes escalas na sua mensuração, além dos contextos sociais nos quais esse fenômeno está inserido.

A literatura aponta que os prejuízos e as repercussões decorrentes da exposição a esse fenômeno são muitos, mas podem variar de acordo com o papel desempenhado. Entretanto, vale salientar que a maioria dos estudos feitos com essa temática se preocupou em analisar os fatores de risco e de proteção isoladamente e apenas as vítimas. Portanto, observa‐se a importância deste estudo em estimar a magnitude desse problema e identificar os fatores associados à condição de vítima e agressor de bullying entre adolescentes escolares do Recife.

Métodos

Esta pesquisa faz parte de um estudo maior intitulado de “Bullying entre adolescentes escolares: uma abordagem bioecológica”, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Aggeu Magalhães sob registro no CAAE: 33233014.6.000.5190 e número do parecer PlatBr: 745.886, de acordo com as normas da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas que envolvem seres humanos.

Trata‐se de um estudo epidemiológico de corte transversal, de cunho analítico, o qual permitiu estimar a prevalência e identificar a diferença entre as características pessoais de vítimas e agressores de bullying, através da aplicação de questionário composto por escalas e questões sobre o bullying e fatores de risco associados a adolescentes, entre 15 a 19 anos, matriculados no segundo ano do ensino médio de escolas públicas e particulares da cidade do Recife, no período diurno. O recorte dos alunos do segundo ano do ensino médio se deve à necessidade de abordar uma população com maior maturidade e facilidade para responder às questões de violência contidas no questionário e ao mesmo tempo optou‐se por evitar o terceiro ano, o qual está academicamente sobrecarregado devido à proximidade com os processos seletivos para o ensino superior.

O cálculo do tamanho amostral foi feito com população estimada de 20.404 alunos do 2° ano do ensino médio (15 a 19 anos), de acordo com dados fornecidos pela Secretaria da Educação do Estado de Pernambuco em 2013. Aplicou‐se intervalo de confiança de 95%, erro amostral de cinco pontos percentuais, prevalência entre alunos estimada com 30%, perda amostral de 20% e efeito de delineamento amostral estabelecido em duas vezes o tamanho mínimo da amostra. A estimativa encontrada foi de 625 alunos de escola pública e 625 alunos de escola privada. Admitindo‐se 20% de perda, perfazem‐se 1.563 alunos.

A amostragem foi feita por conglomerados e obedeceu a uma sequência de etapas, na tentativa de se obter uma amostragem representativa de escolares quanto à distribuição conforme o tipo de escolas e turma. No 1° estágio, os parâmetros para estimar o número de escolas segundo esfera de governo foram: prevalência de bullying em 95% das escolas, erro amostral = 10% e efeito de desenho = 1, encontrou‐se estimativa de 32 escolas, 16 públicas e 16 privadas. Admitindo‐se 20% de perda, perfazem‐se 40 escolas distribuídas igualmente nos dois extratos.

No 2° estágio, as turmas foram sorteadas aleatoriamente dentro de cada escola. A fim de alcançar o quantitativo esperado de participantes, em cada escola foi aplicado em torno de 40 questionários.

Neste artigo, foram analisadas questões sobre vítima e agressor de bullying classificadas como variável dependente e as características pessoais como variáveis independentes. O envolvimento de bullying na condição de vítima foi definido a partir da Escala Califórnia de Vitimização do Bullying (ECVB),14 formada por sete itens, os quais questionam sobre as formas e a frequência de vitimização que podem ter experimentado na escola, consideradas exemplos de comportamento bullying. Cada item da escala é composto por uma sequência de cinco pontos, classificados em: 0 = nunca, 1= apenas uma vez no mês passado, 2 = duas ou três vezes no mês passado, 3 = apenas uma vez durante esta semana e 4 = várias vezes durante esta semana. Posteriormente é necessário indicar se esse comportamento anteriormente classificado foi de propósito e teve importância (o magoou), responde‐se “sim” ou “não”. Por fim, a ECVB avalia o desequilíbrio de poder entre a vítima e o agressor através de 10 características que podem descrever como é a outra pessoa, solicita‐se que os indivíduos se comparem com a “principal pessoa que fez tais coisas a você”, por meio de respostas a escala de três pontos, classificam‐se em: “menos do que eu”, “parecido comigo” e “mais do que eu”. Portanto, os adolescentes que vivenciaram algum tipo de vitimização por 2 ou 3 vezes no mês ou mais foram considerados como vítimas de bullying.

Já a condição de agressor de bullying foi avaliada a partir da questão produzida baseada no conceito de Olweus15 e na Escala de Califórnia de Vitimização do Bullying,14 conforme descritas a seguir: “Entre os (as) seus (suas) colegas existe algum (a) que você considera inferior a você? Se existe, responda a próxima pergunta pensando apenas nessa pessoa. Alguma vez você já fez coisas de propósito, para magoar esse (a) seu (sua) colega, como: A) Zoar, xingar ou colocar apelidos? B) Espalhar boatos ou fofocas, ignorar ou deixar de fora do seu grupo? C) Empurrar, agredir fisicamente, ameaçar ou danificar coisas dele (a)?” Para cada item havia as seguintes opções de respostas: 0. Nunca/1.Apenas uma vez no mês passado/2. Duas ou três vezes no mês passado/3. Apenas uma vez durante esta semana/4. Várias vezes durante esta semana. É considerado agressor o indivíduo que assinalou um dos itens 2, 3 ou 4 em qualquer uma das opções.

A vítima‐agressora foi considerada a partir da classificação, ao mesmo tempo, na descrição acima em vítima e agressor. Dessa forma, tendo respondido ter sofrido algum tipo de violência de pelo menos 2 ou 3 vezes no mês passado, de forma intencional e que o magoou, cometida por colega com características diferente da dele. Além disso, ter respondido que cometeu bullying pelo menos 2 ou 3 vezes no mês passado.

Quanto às variáveis independentes, algumas foram avaliadas por questões isoladas e outras por escalas, como descritas a seguir: Sexo: autorreferido como feminino ou masculino; Idade: autorreferida entre 15 a 19 anos; Cor da pele: autorreferida como branca, negra, parda, amarela e indígena; Prática de religião: autorreferida; Terdeficiência física: autorreferida; Desempenho escolar: Foi perguntado ao aluno sobre as suas notas no último ano. As opções de repostas foram: muito boas, boas, ruins e muito ruins. Autoestima: É um instrumento com 10 itens designados a avaliar globalmente a atitude positiva ou negativa de si mesmo. As opções de resposta variam em 4 tipos: concordo totalmente, concordo, discordo, discordo totalmente. Uma elevada autoestima é indicada por um escore alto. A versão usada nesta pesquisa foi adaptada no Brasil por Avanci et al. (2007);16Autoconfiança/Defender suas ideias ou opiniões: Foi avaliada a partir de questão que interroga se o adolescente defende suas ideias e opiniões com seus amigos/colegas; Uso de droga pelo jovem no último ano: Categorizado como ausência ou presença de pelo menos um dos seguintes comportamentos: consumo de bebida alcoólica até se embriagar ou sentir‐se bêbado (ficar de “porre”); usar maconha, cocaína, “crack” ou pasta de coca, remédio para emagrecer, calmante/tranquilizante, anabolizante (“bomba para ficar forte”). As opções de resposta são: muitas vezes, poucas vezes e nunca; Se sentir diferente: Os adolescentes foram perguntados se tinham alguma característica que faziam se sentir diferentes; Excesso de peso: Estudantes responderam se achavam estar acima do peso e se haviam sofrido alguma discriminação ou humilhação pelo excesso de peso; Jovem transgressor: Faz parte dos instrumentos sobre violações autoassumidas do Ilanud/ONU.17 É constituído por nove questões dicotômicas (sim/não) sobre atos praticados no último ano: falsificar a assinatura de alguém em documentos, danificar de propósito objetos alheios, agredir alguém severamente, humilhar alguém mostrando superioridade, tomar parte de uma briga na qual um grupo de amigos luta contra outro grupo, portar arma branca, portar arma de fogo, furto e roubo; Orientação sexual: Foi usada questão do Inquérito de Saúde do Adolescente de Minnesota versão adaptada por Berlan et al., 2010.18 Essa questão também foi traduzida para língua portuguesa e adaptada para uso nesta pesquisa. Os estudantes foram perguntados como se consideravam sobre sua orientação sexual, responderam de acordo com 5 opções: 1. Completamente heterossexual, 2. Mais heterossexual, 3. Bissexual, 4. Mais homossexual e 5. Completamente homossexual. Foram categorizados para análise em três grupos: heterossexual (1), bissexual (2, 3 e 4) e homossexual (5); Ter irmãos: Questão sobre o adolescente ter irmãos, com opções de respostas: sim e não; Aceitar violência entre pares: O estudante foi perguntado como considerava os atos: “garoto humilhar garoto”, “garota humilhar garota”, “garoto agredir fisicamente garoto”, “garota agredir fisicamente garota” e “pancadaria entre colegas”, na relação entre adolescentes. Considerou‐se aceitar violência os estudantes que responderam “não é grave”, enquanto que os adolescentes que responderam “muito grave” e “grave” diante desses atos foram considerados não aceitar violência entre pares.

Todas as variáveis analisadas e instrumentos usados nesta pesquisa estão descritos na tabela 1.

Tabela 1.

Descrição das variáveis, operacionalização e categorização das variáveis estudadas

Variável  Operacionalização  Categorização 
Dependente
Bullying  Escala Califórnia de Vitimização do Bullying, adaptada e validada por Soares em 201514 mais questão elaborada pelo autor  1. Vítima2. Agressor 
Independentes
Sexo  Autorreferido  1. Feminino 2. Masculino 
Idade (em anos)  Autorreferida  (15‐16)17‐19 
Cor da pele  Autorreferida  1. Branca 2. Pardo‐negra3. Amarela/indígena 
Possui deficiência física  Autorreferida  1. Sim 2. Não 
Pratica de religião  Autorreferida  1. Sim 2. Não 
Desempenho escolar quanto às notas  Autorreferido  1 (1. Muito boas 2. Boas)2 (3. Ruins 4. Muito Ruins) 
Autoestima  Escala de Rosenberg adaptada no Brasil por Avanci et al., 200716  1. Baixa autoestima2. Alta autoestima 
Se sentir diferente  Autorreferida  1. Sim 2. Não 
Autoconfiança (defender ideais e opiniões)  Autorreferida  1. Tem 2. Não tem 
Consumo de álcool em excesso  Autorreferido  1. Sim 2. Não 
Consumo drogas ilícitas  Autorreferido  1. Sim 2. Não 
Uso de medicações Para emagrecer  Autorreferido  1. Sim 2. Não 
Tranquilizantes  Autorreferido  1. Sim 2. Não 
Anabolizantes  Autorreferido  1. Sim 2. Não 
Excesso de peso  Autorreferido  1. Sim 2. Não 
Ser transgressor  Instrumento sobre violações auto assumidas do Ilanud/ONU17  1. Sim 2. Não 
Orientação sexual  Questão do Inquérito de Saúde do Adolescente de Minnesota adaptada por Berlan em 201018  1. Heterossexual 2. Bissexual e Homossexual 
Ter irmãos  Questão elaborada  1. Sim 2. Não 
Aceitar violência entre pares  Questão elaborada  1. Sim 2. Não 

A coleta de dados ocorreu em 18 escolas públicas e 18 privadas, entre agosto e novembro de 2014. Os dias e horários da coleta foram agendados previamente com a coordenação de cada escola.

Para aplicação dos questionários, foi solicitada permissão às diretorias das escolas sorteadas, os quais assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Aos adolescentes na idade de 18 a 19 anos foi solicitado que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para participação na pesquisa, conforme preconizado na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que normaliza as pesquisas com seres humanos.

Já para os adolescentes de 15 a 17 anos foi solicitado que assinassem o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido para participação na pesquisa. Nesse caso, os pais não foram consultados, uma vez que a pesquisa abordaria questões relativas a violências sofridas pelo adolescente no ambiente doméstico e muitas vezes nesse tipo de violência os principais agressores são pais, mães e outros responsáveis, como padrastos e madrastas. Essa questão é comum em pesquisas sobre violência em crianças e adolescentes e é respaldada pela Resolução CFP N° 016/2000. Foi garantido o anonimato de todos os participantes e os estudantes foram informados de que estavam livres para desistir da participação na pesquisa em qualquer momento.

Após explicação e assinatura dos termos da pesquisa os questionários foram aplicados por uma equipe de 2 pesquisadores do LEVES, que forneceram uma breve explicação sobre o preenchimento do questionário e permaneceram na sala de aula durante todo o processo. A aplicação teve duração média de 60 minutos em cada turma.

Participaram da pesquisa 1.411 estudantes, no entanto 9 não preencheram adequadamente o questionário, assim permaneceram no fim 1.402 adolescentes.

Para análise dos dados, foi confeccionada máscara para tabulação no banco de dados, os quais foram inseridos no Epi‐Info, através de digitação dupla. Assim, após consolidação e validação dos dados inseridos foi feita análise dos dados no software STATA, versão 12.0. A análise foi constituída de análise descritiva das variáveis, seguida da aplicação do teste de qui‐quadrado de Pearson com significância estatística de 0,05 e intervalo de confiança de 95%.

Quanto à análise de associações foi empregada a modelagem multinível para controle do efeito do conglomerado e ponderado pelo tipo de escola. A técnica multivariada usada foi a stepwise do tipo forward considerando como critério de entrada no modelo significância estatística de 10%. Foram testadas as hipóteses de concomitância e considerada a variável no modelo segundo a plausibilidade causal.

Resultados

A amostra foi composta de 1.402 adolescentes, entre os quais a prevalência de vítimas de bullying foi de 8,35% (IC 95%: 6,75% a 9,94%), a de agressores foi 21,26% (IC 95%: 17,84% a 24,39%), enquanto que a de vítimas‐agressoras foi de 2% (IC 95%:1,17% a 3,05%). Devido ao pequeno percentual de vítimas‐agressoras não foi possível fazer o cálculo de associação desse grupo com as variáveis estudadas.

A partir da análise univariada, as variáveis que apresentaram p ≤ 0,10 foram selecionadas para a análise multivariada conforme descrito na tabela 2.

Tabela 2.

Análise univariada das variáveis relacionadas à pessoa associada à ocorrência de bullying seja na condição de vítima ou agressor

Variáveis relacionadas à pessoaVítima de Bullying (n = 1.402)Agressor de Bullying (n = 1.402)
OR (IC 95%)a  p‐valor  OR (IC 95%)a  p‐valor 
Sexo
Masculino  Referência    Referência   
Feminino  1,95 (1,34‐2,84)  < 0,001  0,41 (0,31‐0,56)  0,000 
Idade
De 15 a 16 anos  Referência    Referência   
De 17 a 19 anos  0,91 (0,54‐1,52)  0,715  1,17 (0,90‐1,52)  0,223 
Cor da pele
Branca  Referência    Referência   
Não branca  1,30 (0,77‐2,19)  0,320  1,12 (0,84‐1,49)  0,428 
Tem deficiência física
Não  Referência    Referência   
Sim  1,22 (0,16‐9,10)  0,846  2,11 (0,48‐9,16)  0,315 
Orientação sexual
Heterossexual  Referência    Referência   
Bissexual/Homossexual  2,09 (1,21‐3,62)  0,009  1,39 (1,00‐1,94)  0,048 
Pratica de religião
Sim  Referência    Referência   
Não  1,04 (0,78‐1,39)  0,803  1,51 (1,14‐1,98)  0,003 
Desempenho escolar quanto às notas
Muito boas/boas  Referência    Referência   
Ruins/muito ruins  0,84 (0,56‐1,24)  0,375  2,03 (1,56‐2,65)  ˂ 0,001 
Escala de autoestima
De 28 a 40 pontos  Referência    Referência   
De 10 a 27 pontos  2,40 (1,59‐3,60)  < 0,001  1,32 (1,05‐1,67)  0,017 
Se sentir diferente
Não  Referência    Referência   
Sim  1,94 (1,29‐2,93)  0,002  1,46 (1,13‐1,89)  0,003 
Autoconfiança (defende ideias/opiniões com amigos)
Sempre/ muitas vezes  Referência    Referência   
Poucas vezes/ nunca  0,90 (0,60‐1,34)  0,598  0,73 (0,56‐0,94)  0,016 
Consumo de bebida alcoólica em excesso
Nunca  Referência  ‐  Referência   
Poucas vezes  0,80 (0,46‐1,41)  0,439  3,06 (2,22‐4,22)  0,000 
Muitas vezes  0,97 (0,61‐1,57)  0,913  1,68 (1,31‐2,15)  0,000 
Consumo de drogas ilícitas
Não  Referência  ‐  Referência   
Sim  0,63 (0,26‐1,53)  0,311  1,58 (1,05‐2,37)  0,026 
Uso de medicações
Para emagrecer  2,17 (1,16‐4,09)  0,015  1,39 (0,77‐2,49)  0,266 
Tranquilizante  2,81 (1,57‐5,02)  < 0,001  1,45 (1,04‐2,04)  0,028 
Anabolizante  Não calculado  ‐  1,57 (0,78‐3,15)  0,199 
Excesso de peso
Não  Referência  ‐  Referência   
Sim  1,34 (0,97‐1,84)  0,075  0,89 (0,67‐1,18)  0,449 
Ser transgressor
Não  Referência    Referência   
Sim  0,75 (0,52‐1,06)  0,103  3,44 (2,72‐4,34)  0,000 
Ter irmãos
Não  Referência    Referência   
Sim  1,48 (0,66‐3,31)  0,346  0,65 (0,41‐1,01)  0,057 
Aceita violência entre pares
Garoto contra garoto
Não  Referência    Referência   
Sim  0,69 (0,33‐1,42)  0,310  2,54 (1,73‐3,72)  < 0,001 
Garota contra garota
Não  Referência    Referência   
Sim  0,81 (0,37‐1,79)  0,605  2,31 (1,56‐3,43)  < 0,001 

IC, intervalo de confiança; OR, odds ratio.

Significância estatística ‐ p ≤ 0,10

a

OR ajustada considerando o desenho de amostragem (cluster) e peso por tipo de escola.

Após a análise multivariada, a variável “se sentir diferente” teve um maior risco para o bullying, independentemente do papel desempenhado, o sexo feminino com p = 0,003 e o masculino com p = 0,016. Entretanto, verificou‐se diferença de acordo com papéis e as demais variáveis associadas ao bullying. Na condição de o aluno ser vítima três variáveis mostraram‐se associadas: a baixa autoestima (p < 0,001), usar tranquilizantes (p = 0,004) e ser do sexo feminino (p = 0,022). Além disso, ser transgressor mostrou ser fator de proteção (p = 0,031). Em relação ao papel de agressor de bullying, o sexo masculino (p < 0,001), consumir álcool em excesso poucas (p = 0,001) ou muitas vezes (p = 0,005), relatar ter um ruim desempenho escolar quanto às notas (p = 0,045), ser transgressor (p < 0,001) e aceitar violência entre pares, seja para algum dos sexos (p = 0,007) ou ambos dos sexos (p = 0,030), mostraram‐se associadas a essa prática. Por sua vez, não defender suas ideias (p = 0,004) revelou ser fator de proteção para agressor de bullying (tabela 3).

Tabela 3.

Análise multivariada por modelagem multinível dos fatores relacionados à pessoa na condição de vítima e agressor de bullying

Variáveis relacionadas à pessoa  Vítima de bullyingAgressor de bullying
  OR (IC 95%)  p‐valor  OR (IC 95%)a  p‐valor 
Sexo
Masculino  Referência    Referência   
Feminino  1,56 (1,07‐2,28)  0,022  0,45 (0,33‐0,61)  < 0,001 
Escala de autoestima
De 28 a 40 pontos  Referência       
De 10 a 27 pontos  2,04 (1,37‐3,04)  < 0,001     
Desempenho escolar quanto às notas
Muito boas/boas      Referência   
Ruins/muito ruins      1,30 (1,00‐1,68)  0,045 
Uso de tranquilizante
Não  Referência       
Sim  2,44 (1,32‐4,48)  0,004     
Se sentir diferente
Não  Referência    Referência   
Sim  2,00 (1,27‐3,15)  0,003  1,36 (1,05‐1,76)  0,016 
Autoconfiança (defende ideias/opiniões com amigos)
Sempre/muitas vezes      Referência   
Poucas vezes/nunca      0,64 (0,47‐0,86)  0,004 
Consumo de bebida alcoólica em excesso
Nunca      Referência   
Poucas vezes      1,87 (1,27‐2,75)  0,001 
Muitas vezes      1,49 (1,12‐1,97)  0,005 
Ser transgressor
Não  Referência    Referência   
Sim  0,61 (0,40‐0,95)  0,031  2,80 (2,14‐3,66)  < 0,001 
Aceitar violência entre pares
Não aceita violência      Referência   
Aceita para algum dos sexos      2,25 (1,25‐4,05)  0,007 
Aceita para ambos os sexos      1,51 (1,04‐2,20)  0,030 

IC, intervalo de confiança; OR, odds ratio.

Significância estatística ‐ p < 0,05.

a

OR ajustada considerando o desenho de amostragem (cluster) e peso por tipo de escola.

Discussão

Neste estudo observou‐se uma prevalência de envolvimento em bullying de 27,6%, com uma diferença significativa entre os papéis, o adolescente no papel de agressor é mais prevalente do que no de vítima. Fato que corrobora pesquisa feita no país com adolescentes de escolas públicas e privadas das capitais brasileiras e do Distrito Federal, na qual foi observada prevalência de 7,2% de vítimas e 20,8% de agressores.6 Diferença que pode ser explicada, tendo em vista que muitas vezes apenas um indivíduo sofre o bullying por mais de um estudante ou um grupo, já que a vítima normalmente faz parte de um grupo minoritário.

Quanto ao sexo, observou‐se associação significativa entre o sexo feminino e ser vítima de bullying. Uma possível explicação seria a reprodução para o ambiente escolar da lógica cultural que considera as mulheres inferiores aos homens e mais frágeis fisicamente do que os homens, ficam mais propensas a sofrer algum tipo de violência. Neste estudo, identificaram‐se diferenças entre meninos e meninas com relação ao papel desempenhado, os meninos associados ao bullying na qualidade de agressor e as meninas de vítimas. Ocorrência que pode ser compreendida com base em aspectos sociais e culturais, pois essas concepções atribuem diferenças aos sexos e consolidam distintos modelos de masculinidade e feminilidade, tendo em vista a cultura machista que incentiva os meninos a se arriscarem em busca da sua socialização, autossuficiência e da independência. Assim, muitas vezes, espera‐se que assumam um comportamento agressivo, mais competitivo, com uma conotação de coragem para afirmar suas marcas sociais da masculinidade.

Na condição de vítima também se verificou associação significativa com níveis mais baixos de autoestima e se sentir diferente. A literatura tem mostrado que adolescentes vítimas de bullying caracterizam‐se por ter comportamento inibido, costumam sentir vulnerabilidade, medo e autoestima baixa, consequentemente aumenta‐se a probabilidade de continuar a ser vitimizadas.19 Além disso, os adolescentes com baixa autoestima tendem a desenvolver mecanismos que distorcem seus pensamentos e sentimentos, logo os leva a não acreditarem e confiarem em si mesmos.20 Justifica‐se, dessa forma, a presença de tais sentimentos nos estudantes pesquisados.

Outro dado relevante refere‐se ao relato de que os adolescentes que não defendiam suas ideias e opiniões pessoais com os amigos apresentaram‐se como fator de proteção para cometer o bullying, enquanto desempenhar o papel de agressor apresenta maior probabilidade em defender suas ideias e opiniões. Tal resultado favorece ao conceito de que os agressores são mais autoconfiantes e conseguem impor aos demais do grupo seus julgamentos e valores como apropriados, possivelmente a ponto de promover o envolvimento de outros adolescentes com essa prática de bullying, são considerados líderes.

Outro aspecto a ser destacado é a associação do desempenho escolar ruim com os adolescentes agressores, o que suscita algumas hipóteses. A primeira relaciona‐se à possibilidade de que as dificuldades existentes ao desenvolver as atividades escolares exponham as suas fragilidades e por meio do comportamento agressivo esses estudantes procurem mostrar superioridade e posição de destaque, em uma tentativa de ser respeitados por seus pares.4 Outra possibilidade seria que o envolvimento em bullying no papel de agressor e consequentemente a busca frequente pelo reconhecimento e poder passe a ser prioridade dentro do ambiente escolar, assim interfere nas atividades escolares e consequentemente reflete no desempenho escolar.

Quanto ao uso de tranquilizantes estar associado às vítimas, só ratifica o exposto sobre o perfil desses envolvidos, que mostram ter baixa autoestima e se sentirem diferentes a ponto de fazerem uso de substâncias com o intuito alterar suas sensações e sentimentos, a fim de resolver questões de forma imediata.

Ainda sobre esse assunto, é importante não só pensar nas possíveis complicações decorrentes do uso prolongado dos tranquilizantes, mas também refletir sobre a facilidade de acesso da população adolescente a medicamentos que deveriam ser parcial ou totalmente controlados pelas autoridades sanitárias, fato já discutido em pesquisa feita por Muza et al.21

No que diz respeito ao consumo de álcool, os estudantes agressores de bullying apresentaram‐se relacionados ao uso dessa substância.22,23 Fato que é preocupante, pois o consumo de álcool tem acontecido por adolescentes cada vez mais precocemente e com frequência entre alunos do ensino médio na América do Sul e está associado a violência entre colegas.24,25

Outro dado que merece atenção concerne aos estudantes que têm comportamento transgressor associado à prática de bullying, uma vez que estudos têm apontado que esses indivíduos tem uma maior probabilidade de desenvolver comportamentos criminosos ou de ser criminalmente condenados na vida adulta,26 além de problemas de relacionamento e psicóticos.27 Ao mesmo tempo em que ser vítima mostra‐se fator de proteção para tal comportamento.

Corroborando tais informações, pesquisas apontam que o envolvimento do adolescente com a violência se deve a diversos fatores, entre os quais está a própria fase da adolescência, consumo abusivo de substâncias psicoativas, os conflitos e violência familiar, exposição à violência e situações de violência ou conflito conjugal, que podem induzir à prática de comportamentos violentos pelos adolescentes.28,29

Chama‐se a atenção para associação significativa dos alunos que praticam o bullying com a variável aceitação da violência entre pares, pois é preocupante considerar natural a agressão sofrida ou cometida por um colega do mesmo sexo ou não.

Entretanto, tal naturalização pode estar relacionada a experiências de violências ao longo da vida seja pelos pais ou outro parente.30 Além do mais, a literatura reforça que diferentes tipos de experiência de maus tratos durante a infância são considerados fatores de risco para a ocorrência de violência interpessoal na adolescência.30

Vale ressaltar que a atual pesquisa apresenta algumas limitações referentes ao fato de que todos os dados fornecidos terem sido coletados a partir de autorrelatos dos estudantes, por isso permite diferentes interpretações sobre o bullying e demais variáveis, é minimizado pelo uso de instrumento adaptado e validado na população. Além do mais, trata‐se de um estudo transversal, o qual oferece uma percepção circunstancial da realidade, não permite estabelecer uma relação de causa e efeito. Dessa forma, sugere‐se desenvolver pesquisas longitudinais e/ou qualitativas com as mesmas variáveis a fim de estabelecer relações causais.

Os dados evidenciaram o envolvimento dos adolescentes com o bullying, é mais prevalente a condição de agressor. Contudo, chama‐se atenção para diferença existente entre as vítimas e agressores considerando as suas características pessoais.

Os resultados alertam para o perfil do agressor de bullying encontrado nesta pesquisa com a associação desse papel ao sexo masculino, consumo excessivo de álcool, prática de comportamentos ilícitos e aceitação da violência entre pares. Dados importantes para construção e planejamento de práticas de combate ao bullying.

A partir dos fatores de risco encontrados, tanto para o papel de vítima quanto para agressor, as escolas devem preocupar‐se em oferecer um maior apoio e supervisão a esses adolescentes, bem como incentivar discussões em grupo sobre ética e respeito às diferenças, além do desenvolvimento de trabalhos que estimulem a solidariedade entre os colegas. Entretanto, a mudança do papel desempenhado no bullying deve ser discutida em todos ambientes, perpassa principalmente o âmbito familiar e escolar.

O presente trabalho permite, através de um olhar mais integrador, compreender melhor os envolvidos em bullying, apontar a necessidade de ações eficazes e que levem em consideração os fatores pessoais relacionados ao papel desempenhado (vítima e agressor).

Financiamento

Programa Papes VI/Fiocruz/CNPq (processo 407738/2012.6).

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

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Como citar este artigo: Silva GR, Lima ML, Barreira AK, Acioli RM. Prevalence and factors associated with bullying: differences between the roles of bullies and victims of bullying. J Pediatr (Rio J). 2020;96:693–701.

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