Compartilhar
Informação da revista
Vol. 91. Núm. 1.
Páginas 22-29 (Janeiro - Fevereiro 2015)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Visitas
3109
Vol. 91. Núm. 1.
Páginas 22-29 (Janeiro - Fevereiro 2015)
Artigo de revisão
Open Access
Systematic review: hereditary thrombophilia associated to pediatric strokes and cerebral palsy
Revisão sistemática: trombofilias hereditárias associadas aos acidentes vasculares cerebrais pediátricos e a paralisia cerebral
Visitas
3109
Vinicius M. Torresa, Vera A. Saddib,c,
Autor para correspondência
verasaddi@gmail.com

Autor para correspondência.
a Departamento de Medicina, Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC‐Goiás), Goiânia, GO, Brasil
b Programa de Mestrado em Genética, Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC‐Goiás), Goiânia, GO, Brasil
c Laboratório de Oncogenética e Radiobiologia, Associação de Combate ao Câncer, Goiânia, GO, Brasil
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Resume
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Tabelas (5)
Tabela 1. Associação entre os AVC e a PC
Tabela 2. Fisiopatologia presumida das mutações em genes relacionados à cascata de coagulação fatores de coagulação nos estados pró‐trombóticos
Tabela 3. Estudos que analisaram as associações diretas entre a PC e as trombofilias hereditárias (autor, ano, país, tipo de estudo e genes analisados)
Tabela 4. Integração dos resultados dos estudos caso‐controle e meta‐análises sobre as possíveis associações entre trombofilias hereditárias e AVC‐IA perinatal, AVC‐IA da infância e TVC da infância
Tabela 5. Estudos que analisaram as possíveis associações entre AVC hemorrágico e as trombofilias hereditárias
Mostrar maisMostrar menos
Abstract
Objectives

This review aimed to organize and consolidate the latest knowledge about mutations and genetic polymorphisms related to hereditary thrombophilia and their potential association with pediatric stroke and cerebral palsy (CP).

Sources

Scientific articles published from 1993 to 2013, written in Portuguese, English, French, and Spanish, were selected and reviewed. The publications were searched in electronic databases, and also in the collections of local libraries. The terms “hereditary thrombophilia”, “polymorphisms”, “mutation”, “pediatric strokes”, and “cerebral palsy” were used for the research.

Summary of the findings

The search in databases and in the bibliographic references retrieved 75 articles for inclusion in this review. Studies that investigated hereditary thrombophilias and their associations to CP and arterial and venous pediatric stroke presented contradictory results. The meta‐analysis and case‐control studies that showed positive results for this association described only slightly increased relative risks and sometimes had questionable conclusions. The association of two or more hereditary thrombophilias, or the association between thrombophilia and other specific clinical risk factors, suggest a higher risk of CP and pediatric stroke than isolated hereditary thrombophilia.

Conclusions

Larger, multicenter studies should be developed in order to elucidate the role of mutations leading to hereditary thrombophilia and the development of CP and pediatric stroke. The complex and multifactorial etiology of CP and stroke makes this an arduous and difficult task; however, the benefits generated by these studies are immeasurable.

Keywords:
Mutation
Polymorphisms
Hereditary thrombophilia
Pediatric strokes
Cerebral palsy
Resumo
Objetivo

Sistematizar e integrar os últimos conhecimentos sobre mutações e polimorfismos genéticos relacionados às trombofilias hereditárias e suas potenciais associações com acidentes vasculares cerebrais pediátricos (AVC) e paralisia cerebral (PC).

Material

Artigos científicos publicados de 1993 a 2013, escritos em português, inglês, francês e espanhol foram selecionados e revisados. As publicações foram pesquisadas nas bases de dados eletrônicas, como também nos acervos das bibliotecas locais. Os termos mutação, polimorfismos, trombofilias hereditárias, acidentes vasculares cerebrais pediátricos e paralisia cerebral foram usados para a pesquisa.

Resultados

A pesquisa nas bases de dados e nas referências bibliográficas identificou 75 artigos para inclusão nesta revisão. Os estudos que investigaram as trombofilias hereditárias e suas associações à PC e aos AVC pediátricos arteriais e venosos apresentaram resultados contraditórios. As metanálises e os estudos caso‐controle que demonstraram resultados positivos para essa associação descreveram riscos relativos discretamente aumentados e, algumas vezes, questionáveis. A associação de duas ou mais trombofilias hereditárias, ou a junção de trombofilias específicas com demais fatores de riscos clínicos, sugerem maior risco no aparecimento da PC e do AVC pediátrico do que as trombofilias hereditárias isoladas.

Conclusão

Estudos multicêntricos de grande porte devem ser conduzidos para elucidar o papel real das mutações que levam às trombofilias hereditárias e ao aparecimento da PC e AVC pediátricos. A etiologia multifatorial e complexa da PC e dos AVC torna essa tarefa árdua e difícil, porém, os benefícios gerados por esses estudos são incalculáveis.

Palavras‐chave:
Mutação
Polimorfismos
Trombofilias hereditárias
Acidentes vasculares cerebrais pediátricos
Paralisia cerebral
Texto Completo
Introdução

Mutações em genes associados à cascata da coagulação desencadeiam estados de hipercoagulabilidade (trombofilias hereditárias) que, em tese, aumentam o risco de acidentes vasculares cerebrais (AVC) e de paralisia cerebral (PC). Em crianças, a incidência dos diferentes tipos de AVC varia de 0,67 a 23 por 100.000 nascidos vivos e a evolução dessas lesões para a paralisia cerebral é bastante significativa1‐7 (tabela 1). A PC é a manifestação motora mais comum da infância e sua prevalência no Brasil é estimada em cerca de 30.000 a 40.000 novos casos por ano.8,9

Tabela 1.

Associação entre os AVC e a PC

Tipo de acidente vascular cerebral  Incidência  Evolução para paralisia cerebral 
Isquêmico arterial perinatal  17 a 23 por 100.000 nascidos vivos1,2  68‐78% (87,6% hemiplégica e 12,4% para tetraplégica)5,6 
Isquêmico arterial da infância  17 vezes menos do que o AVC‐IA perinatal1,2   
Trombose venosa central  0,67 para cada 100.000 crianças3  67%7 
Hemorrágico perinatal Hemorrágico da infância  2‐3 por 100.000 crianças4  Sequela em 42% dos casos, entre elas a PC4 

As principais mutações associadas aos estados pró‐trombóticos são descritas no fator V Leiden, na protrombina G20210A, na metileno tetrahidrofolato redutase (C677T e A1298C), na proteína C, na proteína S, na antitrombina e na lipoproteína‐A.10 A fisiopatologia presumida para essas mutações está descrita na tabela 2.10‐12

Tabela 2.

Fisiopatologia presumida das mutações em genes relacionados à cascata de coagulação fatores de coagulação nos estados pró‐trombóticos

Fatores  Fisiopatologia 
Fator V Leiden  A mutação pontual do fator V torna‐o resistente à ação proteolítica da proteína C e leva a um aumento da geração da trombina. 
PT G20210A  A mutação resulta em aumento nos níveis plasmáticos da protrombina, o que leva a um estado de hipercoagulabilidade. 
MTHFR C677T  A mutação reduz a atividade da enzima e acarreta aumento nos níveis de homocisteína, que apresenta efeito pró‐trombótico. 
Deficiência de ATIII  Serpina multifuncional que inibe enzimas da coagulação ativadas (IIa, iXa, Xa, XIa) na cascata da coagulação. 
Deficiência de PROC  Proteína vitamina K dependente com ação anticoagulante. 
Deficiência de PROS  Cofator da PROC, vitamina K dependente. 
Elevação de lipoproteína‐A  Em função da sua homologia ao plasminogênio, esse reduz a geração da plasmina por competir com o plasminogênio para se ligar à fibrina. 

Fonte: Zadro & Herak, 201210. Adaptado.

O objetivo deste estudo foi revisar e integrar de forma sistemática as pesquisas que avaliaram as mutações e os polimorfismos em genes associados às trombofilias hereditárias e suas possíveis associações com os acidentes vasculares cerebrais pediátricos e a paralisia cerebral.

Metodologia

O estudo consistiu de uma revisão sistemática das principais publicações que descreveram mutações relacionadas às trombofilias hereditárias e suas potenciais associações com os acidentes vasculares cerebrais pediátricos e a paralisia cerebral.

As datas de publicação foram de 1993 a 2013 e os idiomas aceitos para leitura foram português, inglês, francês e espanhol. As pesquisas sobre o tema foram feitas nas bases de dados eletrônicas (Medline, PubMed, Scielo, Ovid, Web of Science, Elsevier Science Direct e Periódicos Capes) e nos acervos das bibliotecas da PUC‐Goiás e da Universidade Federal de Goiás. Os termos trombofilias hereditárias, mutações, polimorfismos, acidentes vasculares cerebrais pediátricos e paralisia cerebral foram usados para a pesquisa. A metodologia usada foi descrita por Green.13

Publicações do tipo metanálise, caso‐controle, estudos de séries e descrições de casos clínicos foram incluídas. As pesquisas nas bases de dados identificaram 1.731 artigos com potencial de inclusão na revisão. Após a leitura dos resumos foram selecionados 67 artigos para leitura integral, dos quais sete foram excluídos por não preencher os critérios de diagnóstico de PC ou por duplicidade. A busca das referências bibliográficas a partir dos estudos lidos resultou na inclusão de 15 novos artigos.

Os AVC pediátricos podem ser divididos em arteriais, isquêmicos e hemorrágicos e AVC venosos. Esses são também classificados em perinatais, quando ocorrem na gestação até 28 dias de vida, e da infância.1,2,14 De acordo com o Grupo Internacional de Trabalho para Definição e Classificação da Paralisia Cerebral de Maryland (2006), o termo paralisia cerebral (PC) descreve um grupo de desordens permanentes no desenvolvimento do movimento e da postura, que causa limitação de atividade, atribuída a distúrbios não progressivos que ocorreram no cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento. As desordens motoras da paralisia cerebral são normalmente acompanhadas por distúrbios no sensório, percepção, cognição, comunicação e comportamento; e ainda, por epilepsia e problemas musculoesqueléticos secundários.15‐17

Resultados

A revisão bibliográfica selecionou artigos que investigaram potenciais associações entre as trombofilias hereditárias e a PC, ou entre as trombofilias hereditárias e os AVC pediátricos, incluindo AVC isquêmicos arteriais, AVC hemorrágicos e tromboses venosas cerebrais (TVC). A pesquisa resultou em diferentes tipos de estudos, porém, os estudos de caso‐controle e metanálise foram privilegiados, vez que apresentam maior impacto para o conhecimento da área, enquanto os estudos de casos clínicos e de séries de casos foram apenas brevemente mencionados.

A revisão bibliográfica sobre os estudos de associação entre as trombofilias hereditárias e a PC resultou em cinco relatos de caso,18‐23 quatro estudos de séries14,24‐26 e sete estudos caso‐controle. Os resultados dos estudos caso‐controle estão sintetizados na tabela 3. Os estudos que objetivaram descrever uma associação entre as trombofilias hereditárias e a PC, em sua maioria, falharam na constatação desta associação.11,27‐30 Apenas dois estudos conseguiram estabelecer algum grau de relação, com destaque para o estudo de Dekker,31 que demonstrou maior risco de PC em prematuros com a mutação da MTHFR C677T, em homozigose, e em pacientes que acumulavam tanto polimorfismos da MTHFR C677T, em homozigose, como da PT G20210A, em heterozigose. O estudo de Nelson et al.32 foi o único que demonstrou associação significativa entre uma trombofilia congênita isolada (fVL) e a PC, sem estratificação da amostra.

Tabela 3.

Estudos que analisaram as associações diretas entre a PC e as trombofilias hereditárias (autor, ano, país, tipo de estudo e genes analisados)

Referências  País  Tipo de estudo  Casos (n)  Controles (n)  Genes estudados  Resultados encontrados 
Nelson et al., 199832  EUA  Caso‐controle  31  65  fVL  Aumento significante 
Gibson et al., 200327  EUA  Caso‐controle  354  708  fVL, PT20210, MTHFR C677Te A1298G  Diferença não significante 
Yehezkely‐Schildkraut et al., 200511  Israel  Caso‐controle  61  62  fVL, PT20210, MTHFR C677T  Diferença não significante 
Reid et al., 200628  Canadá  Caso‐controle  57  167  fVL  Diferença não significante 
Dekker, 200731  Austrália  Caso‐controle  443  883  MTHFR C677TPT20210  Aumento de risco em grupos específicos 
Wu et al., 201129  EUA  Caso‐controle  138  165  fVL, PT20210, MTHFR C677T  Diferença não significante 
Arenas‐Sordo et al., 201230  México  Caso‐controle  94  120  fVL  Diferença não significante 

A revisão bibliográfica sobre a associação entre as trombofilias hereditárias e os AVC‐IA perinatais resultou em um relato de caso,33 oito estudos caso‐controle e duas metanálises. Os estudos sobre a associação entre as trombofilias hereditárias e os AVC‐IA na infância, obtidos nas bases de dados, totalizaram 16 estudos caso‐controle e duas meta‐análises. Os estudos caso‐controle publicados no período avaliado apresentaram resultados discordantes sobre a maior frequência de trombofilias hereditárias em pacientes com AVC‐IA perinatal (tabela 4).34‐42

Tabela 4.

Integração dos resultados dos estudos caso‐controle e meta‐análises sobre as possíveis associações entre trombofilias hereditárias e AVC‐IA perinatal, AVC‐IA da infância e TVC da infância

Trombofilias congênitas  AVC‐IA perinatal (N° de estudos)AVC‐IA da infância (N° de estudos)TVC da infância (N° de estudos)
  Associação positiva significativa  Associação não significativa  Associação positiva significativa  Associação não significativa  Associação positiva significativa  Associação não significativa 
Fator V de Leiden
Caso‐controle 
Meta‐análise  2a  1a 
Protrombina G20210A
Caso‐controle 
Meta‐análise  2a  1a 
MTHFR C677T HOMO
Caso‐controle  10 
Meta‐análise  1a  2a 
Deficiência de ATIII
Caso‐controle  0b  3b  0b  3b 
Meta‐análise  1a  2a 
Deficiência de proteína C
Caso‐controle 
Meta‐análise  1a  2a 
Deficiência de proteína S
Caso‐controle  0b  3b  0b  3b 
Meta‐análise  1a  2a 
Elevação de LP‐a (>0,3mg/L)
Caso‐controle 
Meta‐análise  1a  1a 
Dois ou mais fatores de risco
Meta‐análise  1a  1a 
a

Inclui estudos com dados conjuntos para AVC‐IA perinatal e da infância.

b

Raros casos encontrados, análise estatística não foi possível.

As metanálises avaliaram em conjunto o risco relativo de trombofilias hereditárias para os pacientes com AVC‐IA perinatais e da infância. Renaud et al.43 observaram uma frequência maior da mutação do fVL e da mutação da PT G20210 nesses pacientes, quando comparados aos controles. Kenet et al.12 relataram maiores frequências para o fVL (OR/IC 95%: 3,70/2,82‐4,85), para a mutação PT G20210A (OR/IC 95%: 2,60/1,66‐4,08), para a mutação da MTHFR C677T, em homozigose (OR/IC 95%: 1,58/1,20–2,08), para a deficiência de PROC (OR/IC 95%: 11,0/5,13–23,59) e para o aumento da lipoproteína‐A (OR/IC 95%:6,53/4,46–9,55) no grupo de pacientes, quando comparados aos controles. A associação de duas ou mais trombofilias hereditárias também foi 18,75 vezes (IC 95%:6,49–54,14) maior nos pacientes avaliados. Esta metanálise não detectou aumento de risco relativo para a deficiência de antitrombina (OR/IC 95%: 3,29/0,70–15,48) e de proteína S (OR/IC 95%:1,49/0,32–6,92).

Dezesseis estudos caso‐controle investigaram as associações entre as trombofilias hereditárias e os AVC–IA da infância. Os resultados desses estudos foram divergentes e são apresentados na tabela 4.44–61 O levantamento bibliográfico resultou também em duas metanálises que avaliaram as prováveis associações entre mutações em genes ligados às trombofilias hereditárias e os acidentes vasculares cerebrais da infância.12,62 Haywood et al.62 avaliaram estudos caso‐controle publicados entre 1989 e 2000 e demonstraram maior frequência da deficiência de PROC (OR/IC 95%:11,0/5,1‐23,6) e da mutação MTHFR C677T (OR/IC 95%:1,70/1,23‐2,34) em pacientes com AVC‐IA infantil. Os autores não detectaram aumento de frequência para o fVL (OR/IC 95%:1,2/0,8‐1,9), para a mutação PT G20210A (OR/IC 95%: 1,1/0,5‐2,3), para a deficiência de antitrombina (OR/IC 95%:1,0/0,3‐3,7) e para deficiência de PROS (OR/IC 95%:1,1/0,3‐3,8) nos casos em relação aos controles.

A revisão bibliográfica sobre a associação entre as trombofilias hereditárias e a TVC pediátrica resultou em um relato de caso63 e uma série de casos.64 O levantamento também resultou em sete estudos caso‐controle,38,41,53,65–67 que mostraram resultados discordantes sobre a influência das trombofilias hereditárias nas TVC (tabela 4). As metanálises indicaram que, em portadores de TVC, observa‐se maior frequência para a mutação do fVL (2,7‐3,1X), a mutação da PT G20210A (1,9‐3,1X), a deficiência de proteína C (6,3X), a deficiência de proteína S (5,3X), a deficiência da ATIII (18,4X), além de níveis elevados de lipoproteína‐a (7,2X). Entretanto, esses achados não foram observados para a mutação da MTHFR C677T, em homozigose.12,41

Quatro estudos caso‐controle60,68‐70 e um estudo de série71 que relacionavam as trombofilias hereditárias com os AVC hemorrágicos foram selecionados em nossa revisão. Todos os estudos se referiam às hemorragias no período neonatal do tipo hemorragia intraventricular da matriz germinal (GM‐HIV). Os dados condensados desses estudos podem ser vistos na tabela 5. Dois estudos caso‐controle selecionados nesta revisão não demonstraram maior risco relativo para as mutações do fVL, PT G20210A e MTHFR C677T nos pacientes com GM‐HIV, em relação aos controles.68,72 Göpel et al.72 observaram que as mutações do fVL e da PT G20210A conferiam um risco relativo negativo para as formas mais graves da GM‐HIV, o que sugeriu um efeito protetor contra o agravamento dos sangramentos por essas mutações. Uma possível explicação seria o estancamento mais rápido do sangramento em decorrência da trombofilia.

Tabela 5.

Estudos que analisaram as possíveis associações entre AVC hemorrágico e as trombofilias hereditárias

Referências  País  Tipo de estudo  N° de pacientes caso  N° de pacientes controle  Genes estudados  Resultados encontrados 
Göpel et al., 200172  Alemanha  Caso‐controle  43  262  fVL, PT20210, MTHFR C677T  Diferença não significantea 
Petäjä et al., 200168  Finlândia  Caso‐controle  22  29  fVLPT20210  Diferença não significante 
Komlósi et al., 200569  Hungria  Caso‐controle  125  128  fVL  Aumento significativo 
Ramenghi et al., 201170  Reino Unido  Caso‐controle  22  84  fVLPT20210  b 
a

O autor observou um provável efeito protetor contra as formas mais graves de GM‐HIV.

b

A frequência acumulada das duas mutações aumentava o risco de AVC‐H em 2,65 vezes.

Komlósi et al.69 demonstraram uma maior frequência do fVL em pacientes com GM‐HIV prematuros comparados aos controles, porém esses resultados não foram confirmados para os pacientes nascidos a termo. Ramenghi et al.70 observaram uma maior frequência para a combinação do fVL e a mutação G20210A da protrombina em pacientes com GM‐HIV em relação aos controles. O agrupamento de diferentes trombofilias dificulta as conclusões sobre o papel fisiológico de cada tipo individual e, geralmente, é avaliado em amostras muito pequenas.

Discussão

Os estudos que objetivaram descrever uma correlação direta entre as trombofilias hereditárias e a PC, em sua maioria, falharam na constatação dessa associação,11,27‐32 o que sugere um efeito secundário das trombofilias no aparecimento da PC.

Os resultados obtidos para os AVC‐IA são muito semelhantes para os dois períodos pediátricos (perinatal e da infância). A análise individual dos fatores genéticos relacionados às trombofilias apresenta um papel discreto no aparecimento da AVC isquêmico arterial pediátrico. A combinação de duas ou mais trombofilias hereditárias com outros fatores clínicos de risco parece apresentar maior importância na prática clínica do que o estudo de fatores genéticos isolados.12 Esse fato impede que o diagnóstico de mutações isoladas determine condutas clínicas de forma conclusiva, pois o risco/benefício do uso de anticoagulantes e outras medicações ainda não foi estabelecido.73

As conclusões obtidas sobre o papel das trombifilias hereditárias na etiologia dos AVC‐IA pediátricos também são válidas para o aparecimento da TVC na infância. As trombofilias exercem um aumento discreto e questionável no risco relativo da TVC. Esse fato, adicionado à baixa prevalência das TVC na infância, dificulta o uso dos resultados na prática médica.12 Nesta revisão apenas estudos sobre as trombofilias hereditárias e os AVC hemorrágicos perinatais (GM‐HIV) foram revistos. O número reduzido de pesquisas e, consequentemente, de casos avaliados dificulta a obtenção de conclusões sobre essa associação.68‐72

Algumas limitações influenciaram esta revisão sobre as possíveis associações entre as trombofilias hereditárias, a paralisia cerebral e os acidentes vasculares cerebrais. A primeira delas relaciona‐se aos pacientes estudados que apresentaram numerosos fatores adquiridos para o aparecimento dos acidentes vasculares cerebrais pediátricos, como sepse e desidratação, dentre outros.3 Além disso, sabe‐se que a dosagem de algumas proteínas envolvidas na coagulação pode ser influenciada por doenças diversas, como, por exemplo, a dosagem de proteína S, C e antitrombina, que são afetadas por doenças hepáticas, renais e infecciosas.74 Outra limitação importante advém do fato de a maioria dos estudos ter sido feita em populações da América do Norte e Europa. Como a frequência das trombofilias hereditárias varia significativamente de população para população, esses estudos devem ser replicados em diferentes regiões geográficas.62 Por fim, há que se ressaltar que alguns estudos avaliaram os acidentes cerebrovasculares de forma global e deixaram de classificá‐los em acidentes arteriais ou venosos, perinatais ou da infância. Esse fato pôde ser observado em duas das metanálises que avaliaram a associação entre as trombofilias hereditárias e os AVC‐IA e fizeram as análises dos dados do período neonatal e da infância em conjunto, o que prejudica a análise das conclusões obtidas.12,43

Conclusões e perspectivas

No que diz respeito ao possível efeito das mutações em genes associados às trombofilias hereditárias e suas associações com os acidentes vasculares cerebrais pediátricos e a paralisia cerebral, conclui‐se que discretos aumentos no risco relativo foram descritos nos estudos revisados, o que sugere um papel secundário dessas mutações no aparecimento dessas manifestações. A combinação de mais de uma mutação associada a fatores clínicos de risco sugere um papel de maior relevância na etiologia do acidente vascular cerebral pediátrico e da paralisia cerebral.

Estudos multicêntricos que avaliem um número maior de genes em conjunto devem ser conduzidos para elucidar o real papel das mutações associadas às trombofilias hereditárias na etiologia da PC/AVC pediátricos. A etiologia multifatorial e complexa da PC torna essa tarefa árdua e difícil, porém os benefícios gerados por esses estudos são incalculáveis.

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

Referências
[1]
K.B. Nelson.
Perinatal ischemic stroke.
[2]
K.B. Nelson, J.K. Lynch.
Stroke in newborn infants.
Lancet Neurol., 3 (2004), pp. 150-158
[3]
G. DeVeber, M. Andrew, C. Adams, B. Bjornson, F. Booth, D.J. Buckley, et al.
Cerebral sinovenous thrombosis in children.
N Engl J Med., 345 (2001), pp. 417-423
[4]
L.C. Jordan, A.E. Hillis.
Hemorrhagic stroke in children.
Pediatr Neurol., 36 (2007), pp. 73-80
[5]
Y.W. Wu, W.M. March, L.A. Croen, J.K. Grether, G.J. Escobar, T.B. Newman.
Perinatal stroke in children with motor impairment: a population‐based study.
Pediatrics, 114 (2004), pp. 612-619
[6]
C.J. Curry, S. Bhullar, J. Holmes, C.D. Delozier, E.R. Roeder, H.T. Hutchison.
Risk factors for perinatal arterial stroke: a study of 60 mother‐child pairs.
J Pediatr Neurol., 4 (2007), pp. 99-107
[7]
K.C. Fitzgerald, L.S. Williams, B.P. Garg, K.S. Carvalho, M.R. Golomb.
Cerebral sinovenous thrombosis in the neonate.
Arch Neurol., 63 (2006), pp. 405-409
[8]
G. Zanini, N.F. Cemin, S.N. Peralles.
Paralisia cerebral: causas e prevalências.
Fisioter Mov., 3 (2009), pp. 375-381
[9]
A. Moreno-de-Luca, D.H. Ledbetter, C.L. Martin.
Genetic insights into the causes and classification of the cerebral palsies.
Lancet Neurol., 11 (2012), pp. 283-292
[10]
R. Zadro, D.C. Herak.
Inherited prothronfibotic risk factors: children with first ischemic stroke.
Biochem Med. (Zagreb), 22 (2012), pp. 298-310
[11]
V. Yehezkely-Schildkraut, M. Kutai, Y. Hugeirat, C. Levin, S.A. Shalev, G. Mazor, et al.
Thrombophilia: a risk factor for cerebral palsy?.
Imaj., 1 (2005), pp. 808-811
[12]
G. Kenet, L.K. Lütkhoff, M. Albisetti, T. Bernard, M. Bonduel, L. Brandao, et al.
Impact of thrombophilia on risk of arterial ischemic stroke or cerebral sinovenous thrombosis in neonates and children: a systematic review and meta‐analysis of observational studies.
Circulation, 121 (2010), pp. 1838-1847
[13]
S. Green.
Systematic reviews and meta‐analysis.
Singapore Med J., 46 (2005), pp. 270-273
[14]
J.K. Lynch, K.B. Nelson, C.J. Curry, J.K. Grether.
Cerebrovascular disorders in children with the factor V Leiden mutation.
J Child Neurol., 16 (2001), pp. 735-744
[15]
P. Rosenbaum, N. Paneth, A. Leviton, M. Goldstein, M. Bax, D. Damiano, et al.
A report: the definition and classification of cerebral palsy.
Dev Med Child Neurol Suppl, 109 (2007), pp. 8-14
[16]
C.N. Lynex, I.M. Carr, J.P. Leek, R. Achuthan, S. Mitchell, E.R. Maher, et al.
Homozygosity for a missense mutation in the 67kDa isoform of glutamate decarboxylase in a family with autosomal recessive spastic cerebral palsy: parallels with stiff‐person syndrome and other movement disorders.
BMC Neurology, 4 (2004), pp. 20
[17]
H. Costeff.
Goeteborg revisited: estimated frequency of genetic and non‐genetic causes of congenital idiopathic cerebral palsy in west Sweden.
Ann Hum Genet., 68 (2004), pp. 515-520
[18]
O. Thorarensen, S. Ryan, J. Hunter, Younkin D.P. Factor.
V Leiden mutation: an unrecognized cause of hemiplegic cerebral palsy, neonatal stroke, and placental thrombosis.
Ann Neurol., 42 (1997), pp. 372-375
[19]
K.H. Harum, A.H. Hoon Jr., G.J. Kato, J.F. Casella, S.N. Breiter, M.V. Johnston.
Homozygous factor‐V mutation as a genetic cause of perinatal thrombosis and cerebral palsy.
Dev Med Child Neurol., 41 (1999), pp. 777-780
[20]
K.H. Harum, A.H. Hoon Junior, J.F. Casella.
Factor‐V Leiden: a risk factor for cerebral palsy.
Dev Med Child Neurol., 41 (1999), pp. 781-785
[21]
M. Steiner, M.Z. Hodes, M. Shreve, S. Sundberg, J.R. Edson.
Postoperative stroke in a child with cerebral palsy heterozygous for factor V Leiden.
J Pediatr Hematol Oncol., 22 (2000), pp. 262-264
[22]
M. Barbagallo, P. Pavone, G. Incorpora, A. Domenico Praticò, O. Romantshik, S. Friso, et al.
Two siblings with a homozygous MTHFR C677T (G80A‐RFC1) mutation and stroke.
Childs Nerv Syst., 1 (2009), pp. 361-365
[23]
C.Y. Fong, A.D. Mumford, M.J. Likeman, P.E. Jardine.
Cerebral palsy in siblings caused by compound heterozygous mutations in the gene encoding protein C.
Dev Med Child Neurol., 52 (2010), pp. 489-493
[24]
J.L. Halliday, D. Reddihough, K. Byron, H. Ekert, M. Ditchfield.
Hemiplegic cerebral palsy and the factor V Leiden mutation.
J Med Genet., 37 (2000), pp. 787-789
[25]
R.A. Smith, M. Skelton, M. Howard, M. Levene.
Is thrombophilia a factor in the development of hemiplegic cerebral palsy?.
Dev Med Child Neurol., 43 (2001), pp. 724-730
[26]
N. Senbil, D. Yüksel, D. Yilmaz, Y.K. Gürer.
Prothrombotic risk factors in children with hemiplegic cerebral palsy.
Pediatr Int., 49 (2007), pp. 600-602
[27]
C. Gibson, A. MacLennan, B. Hague, Z. Rudzki, P. Sharpe, A. Chan, et al.
Fetal thrombophilic polymorphisms are not a risk factor for cerebral palsy.
Am J Obstet Gynecol., 6 (2003), pp. 75-85
[28]
S. Reid, J. Halliday, M. Ditchfield, H. Ekert, K. Byron, A. Glynn, et al.
Factor V Leiden mutation: a contributory factor for cerebral palsy?.
Dev Med Child Neurol., 48 (2006), pp. 14-19
[29]
D. Wu, Y.F. Zou, X.Y. Xu, X.L. Feng, L. Yang, G.C. Zhang, et al.
The association of genetic polymorphisms with cerebral palsy: a meta‐analysis.
Dev Med Child Neurol., 53 (2011), pp. 217-225
[30]
M.L. Arenas-Sordo, H.C. Zavala, R.C. Casianor, M.E. Reyes, C. Ríos, Z.E. Hernández, et al.
Leiden V factor and spastic cerebral palsy in mexican children.
Genet Test Mol Biomarkers, 16 (2012), pp. 978-980
[31]
G. Dekker.
Fetal prothrombotic genetic risk factors and fetal acquired risk factors for adverse perinatal outcome.
Thromb. Res., 119 (2007), pp. 26-27
[32]
K.B. Nelson, J.M. Dambrosia, J.K. Grether, T.M. Phillips.
Neonatal cytokines and coagulation factors in children with cerebral palsy.
Ann Neurol., 44 (1998), pp. 665-675
[33]
A. Verdu, M.R. Cazorla, J.C. Moreno, L.F. Casado.
Prenatal stroke in a neonate heterozygous for factor V Leiden mutation.
Brain Dev., 27 (2005), pp. 451-454
[34]
G. Günther, R. Junker, R. Sträter, R. Schobess, K. Kurnik, C. Heller, et al.
Symptomatic ischemic stroke in full‐term neonates: role of acquired and genetic prothrombotic risk factors.
Stroke, 31 (2000), pp. 2437-2441
[35]
K. Kurnik, A. Kosch, R. Sträter, R. Schobess, C. Heller, U. Nowak-Göttl.
Recurrent thromboembotism in infants and children suffering from symptomatic neonatal arterial stroke: a prospective follow‐up study.
[36]
O.M. Debus, A. Kosch, R. Sträter, R. Rossi, U. Nowak-Göttl.
The factor V G1691A mutation is a risk for mutation is a risk for porencephaly: a case–control study.
Ann Neurol., 56 (2004), pp. 287-290
[37]
O. Debus, H.G. Koch, G. Kurlemann, R. Sträter, H. Vielhaber, P. Weber, et al.
Factor V Leiden and genetic defects of thrombophilia in childhood porencephaly.
Arch Dis Child Fetal Neonatal, 78 (1998), pp. 121-124
[38]
S.P. Miller, Y.W. Wu, J. Lee, E.J. Lammer, D.M. Iovannisci, D.V. Glidden, et al.
Candidate gene polymorphisms do not differ between newborns with stroke and normal controls.
[39]
D.C. Herak, M.R. Antolic, J.L. Krleza, M. Pavic, S. Dodig, V. Duranovic, et al.
Inherited prothrombotic risk factors in children with perinatal arterial stroke.
Pediatrics, 123 (2009), pp. e653-e660
[40]
M.J. Simchen, G. Goldstein, A. Lubetsky, T. Strauss, E. Schiff, G. Kenet.
Factor V Leiden antiphospholipid antibodies in either mothers or infants increase the risk for perinatal arterial ischemic stroke.
[41]
R. Laugesaar, T. Kahre, A. Kolk, U. Uustalu, P. Kool, T. Talvik.
Factor V Leiden and prothrombin 21210G>A mutation and paediatric ischaemic stroke: a case–control study and two meta‐analyses.
Acta Paediatr., 99 (2010), pp. 1168-1174
[42]
A.A. Gelfand, L.A. Croen, A.R. Torres, Y.W. Wu.
Genetic risk factors for perinatal arterial ischemic stroke.
Pediatr Neurol., 48 (2013), pp. 36-41
[43]
C. Renaud, P.B. Tardy, E. Presles, S. Chabrier.
Low prevalence of coagulation F2 and F5 polymorphisms in mothers and children in a large cohort of patients with neonatal arterial ischemic stroke.
Br J Haematol., 150 (2010), pp. 709-712
[44]
V. Ganesan, M.A. McShane, R. Liesner, J. Cookson, I. Hann, F.J. Kirkham.
Inherited prothrombotic states and ischaemic stroke in childhood.
J Neurol Neurosurg Psychiatry, 65 (1998), pp. 508-511
[45]
W. Zenz, Z. Bodó, J. Plotho, W. Streif, C. Male, G. Bernert, et al.
Factor V Leiden and prothrombin gene G 20210 a variant in children with ischemic stroke.
Thromb Haemost., 80 (1998), pp. 763-766
[46]
R. Sträter, H. Vielhaber, R. Kassenböhmer, R. von Kries, U. Göbel, U. Nowak-Göttl.
Genetic risk factors of thrombophilia in ischaemic childhood stroke of cardiac origin: a prospective esped survey.
Eur J Pediatr., 158 (1999), pp. 122-125
[47]
N. Akar, E. Akar, G. Deda, T. Sipahi, U. Ezer.
Coexistence of two prothrombotic mutations, factor V 1691 G‐A and prothrombin gene 20210 G‐A, and the risk of cerebral infarct in pediatric patients.
Pediatr Hematol Oncol., 16 (1999), pp. 565-566
[48]
N. Akar, E. Akar, G. Deda, T. Sipahi.
Orsal A. Factor V 1691 G‐A, prothrombin 20210 G‐A, and methylenetetrahydrofolate reductase 677 C‐T variants in Turkish children with cerebral infarct.
J Child Neurol., 14 (1999), pp. 749-751
[49]
U. Nowak-Göttl, R. Sträter, A. Heinecke, R. Junker, H.G. Koch, G. Schuierer, et al.
Lipoprotein (a) and genetic polymorphisms of clotting factor V, prothrombin, and methylenetetrahydrofolate reductase are risk factors of spontaneous ischemic stroke in childhood.
Blood, 94 (1999), pp. 3678-3682
[50]
E. Cardo, E. Monrós, C. Colomé, R. Artuch, J. Campistol, M. Pineda, et al.
Children with stroke: polymorphism of the MTHFR gene, mild hyperhomocysteinemia, and vitamin status.
J Child Neurol., 15 (2000), pp. 295-298
[51]
G. Kenet, S. Sadetzki, H. Murad, U. Martinowitz, N. Rosenberg, S. Gitel, et al.
Factor V Leiden and antiphospholipid antibodies are significant risk factors for ischemic stroke in children.
Stroke, 1 (2000), pp. 1283-1288
[52]
N. Akar, E. Akar, D. Ozel, G. Deda, T. Sipahi.
Common mutations at the homocysteine metabolism pathway and pediatric stroke.
Thromb Res., 102 (2001), pp. 115-120
[53]
M. Bonduel, G. Sciuccati, M. Hepner, G. Pieroni, A.F. Torres, C. Mardaraz, et al.
Factor V Leiden and prothrombin gene G20210A: mutation in children with cerebral thromboembolism.
Am J Hematol., 73 (2003), pp. 81-86
[54]
S. Barreirinho, A. Ferro, M. Santos, J. Costa El Pinto-Basto, A. Sousa, et al.
Inherited and acquired risk factors and their combined effects in pediatric stroke.
Pediatr Neurol., 28 (2003), pp. 134-138
[55]
R. Duran, B. Biner, M. Demir, C. Celtik, S. Karasaliho¿lu.
Factor V Leiden mutation and other thrombophilia markers in childhood ischemic stroke.
Clin Appl Thromb Hemost., 11 (2005), pp. 82-88
[56]
R. Duran, B. Biner, M. Demir, C. Celtik, S. Karasaliho¿lu, B. Acuna¿.
Factor V Leiden mutation, deficiency of antithrombin III and elevation of factor VIII in a child with ischemic stroke: a case report.
Brain Dev., 28 (2006), pp. 604-606
[57]
A. Biswas, A.K. Tiwari, R. Ranjan, A. Meena, M.S. Akhter, B.K. Yadav, et al.
Prothrombotic polymorphisms, mutations, and their association with pediatric non‐cardioembolic stroke in Asian‐Indian patients.
Ann Hematol., 88 (2009), pp. 473-478
[58]
V. Djordjevic, M. Stankovic, V. Brankovic-Sreckovic, L. Rakicevic, D. Radojkovic.
Genetic risk factors for arterial ischemic stroke in children: a possible MTHFR and eNOS gene‐gene interplay?.
J Child Neurol., 24 (2009), pp. 823-827
[59]
D.C. Herak, M.R. Antolic, J.L. Krleza, M. Pavic, S. Dodig, V. Duranovic, et al.
Inherited prothrombotic risk factors in children with stroke, transient ischemic attack, or migraine.
Pediatrics, 123 (2009), pp. e653-e660
[60]
D.C. Morita, A. Donaldson, R.J. Butterfield, S.L. Benedict, J.F. Bale Jr..
Methylenetetrahydrofolate reductase gene polymorphism and childhood stroke.
Pediatr Neurol., 41 (2009), pp. 247-249
[61]
S. Teber, G. Deda, N. Akar, K. Soylu.
Lipoprotein (a) levels in childhood arterial ischemic stroke.
Clin Appl Thromb Hemost., 16 (2010), pp. 214-217
[62]
S. Haywood, R. Liesner, S. Pindora, V. Ganesan.
Thrombophilia and first arterial ischaemic stroke: a systematic review.
Arch Dis Child., 90 (2005), pp. 402-405
[63]
H. Vielhaber, S. Ehrenforth, H.G. Koch, I. Scharrer, N. van der Werf, U. Nowak-Göttl.
Cerebral venous sinus thrombosis in infancy and childhood role of genetic and acquired risk factors of thrombophilia.
Eur J Pediatr., 157 (1998), pp. 555-560
[64]
L.A. Ramenghi, B.J. Gill, S.F. Tanner, D. Martinez, R. Arthur, M.I. Levene.
Cerebral venous thrombosis, intraventricular haemorrhage and white matter lesions in a preterm newborn with factor V (Leiden) mutation.
Neuropediatrics, 33 (2002), pp. 97-99
[65]
J.N. Hagstrom, J. Walter, R. Bluebond-Langner, J.C. Amatniek, C.S. Manno, K.A. High.
Prevalence of the factor V Leiden mutation in children and neonates with thromboembolic disease.
J Pediatr., 133 (1998), pp. 777-781
[66]
C. Heller.
Cerebral venous thrombosis in children: a multifactorial origin.
Circulation, 108 (2003), pp. 1362-1367
[67]
G. Kenet, F. Kirkham, T. Niederstadt, A. Heinecke, D. Saunders, M. Stoll, et al.
Risk factors for recurrent venous thromboembolism in the European collaborative paediatric database on cerebral venous thrombosis: a multicentre cohort study.
Lancet Neurol., 6 (2007), pp. 595-603
[68]
J. Petäjä, L. Hiltunem, V. Fellman.
Increased risk of intraventricular hemorrhage in preterm infants with thrombophilia.
Pediatr Res., 49 (2001), pp. 643-646
[69]
K. Komlósi, V. Havasi, J. Bene, J. Storcz, J. Stankovics, G. Mohay, et al.
Increased prevalence of factor V Leiden mutation in premature but not in full‐term infants with grade I intracranial haemorrhage.
Biol Neonate., 87 (2005), pp. 56-59
[70]
L.A. Ramenghi, M. Fumagalli, M. Groppo, D. Consonni, L. Gatti, P.A. Bertazzi, et al.
Germinal matrix hemorrhage: intraventricular hemorrhage in very‐low‐birth‐weight infants: the independent role of inherited thrombophilia.
Stroke., 42 (2011), pp. 1889-1893
[71]
J.C. Harteman, F. Groenendaal, I.C. van Haastert, K.D. Liem, H. Stroink, M.B. Bierings, et al.
Atypical timing and presentation of periventricular haemorrhagic infarction in preterm infants: the role of thrombophilia.
Dev Med Child Neurol., 54 (2012), pp. 140-147
[72]
W. Göpel, L. Gortner, T. Kohlmann, C. Schultz, J. Möller.
Low prevalence of large intraventricular haemorrhage in very low birthweight infants carrying the factor V Leiden or prothrombin G20210A mutation.
Acta Paediatr., 90 (2001), pp. 1021-1024
[73]
M.H. Cnossen, C.H. Van Ommenb, I.M. Appel.
Etiology and treatment of perinatal stroke: a role for prothrombotic coagulation factors?.
Semin Fetal Neonatal Med., 14 (2009), pp. 311-317
[74]
M.E. O’Callaghan, A.H. MacLennan, E.A. Haan, G. Dekker.
South Australian Cerebral Palsy Research Group. The genomic basis of cerebral palsy: a huge systematic literature review.
Hum Genet., 126 (2009), pp. 149-172

Como citar este artigo: Torres VM, Saddi VA. Systematic review: hereditary thrombophilia associated to pediatric strokes and cerebral palsy. J Pediatr (Rio J). 2015;91:22–9.

Copyright © 2014. Sociedade Brasileira de Pediatria
Idiomas
Jornal de Pediatria
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Taxa de publicaçao Publication fee
Os artigos submetidos a partir de 1º de setembro de 2018, que forem aceitos para publicação no Jornal de Pediatria, estarão sujeitos a uma taxa para que tenham sua publicação garantida. O artigo aceito somente será publicado após a comprovação do pagamento da taxa de publicação. Ao submeterem o manuscrito a este jornal, os autores concordam com esses termos. A submissão dos manuscritos continua gratuita. Para mais informações, contate assessoria@jped.com.br. Articles submitted as of September 1, 2018, which are accepted for publication in the Jornal de Pediatria, will be subject to a fee to have their publication guaranteed. The accepted article will only be published after proof of the publication fee payment. By submitting the manuscript to this journal, the authors agree to these terms. Manuscript submission remains free of charge. For more information, contact assessoria@jped.com.br.
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.