To describe the characteristics of the patients who were not resuscitated in a pediatric university hospital. To characterize the data recorded on medical charts regarding resuscitation, and to evaluate ethical and legal aspects of cardiopulmonary resuscitation.
MethodsRetrospective study of 176 deaths occurring in a 1-year period. Charts were reviewed, and the information recorded was compared to oral reports by physicians who participated in the patient's resuscitation.
ResultsDuring the study period, 176 deaths occurred; 47 (26.7%) were not submitted to cardiopulmonary resuscitation as reported by the physician who was present when the patient died. Two patients were excluded, because their charts were lost. Prior to death, 64.4% (29/45) received mechanical ventilation, and 48.5% (33/45) received inotropic support; 60% (27/45) of the deaths occurred in the intensive care unit. The most common diagnosis at admission was sepsis in 28% (13/45) and pneumonia with respiratory arrest in 27% (12/45). The most common underlying medical conditions were malignancies, in 28.8% (13/45). From the 45 charts reviewed, 40 had information concerning cardiopulmonary resuscitation. According to the information in the charts, 11 patients (27.5%) were declared dead without resuscitation efforts, and 29 (72.5%) were submitted to cardiopulmonary resuscitation without improvement in vital signs.
ConclusionThere was a discrepancy the reports by physicians and the records concerning cardiopulmonary resuscitation. This may be due to the fear of legal implication if cardiopulmonary resuscitation is not performed. However, in patients with very poor prognoses, the decision to withhold cardiopulmonary resuscitation is ethically justifiable.
Descrever as características de pacientes não ressuscitados em um hospital -escola pediátrico de nível terciário, caracterizar como foi feito o registro da não ressuscitação no prontuário e avaliar os aspectos éticos e legais envolvidos na ressuscitação cardiopulmonar.
MétodoFoi feito um estudo tipo coorte prospectivo, exploratório e observacional de todas as paradas cardiorrespiratórias (PCR) neste período. Os médicos que atenderam cada PCR foram entrevistados, geralmente nas primeiras 24h pós o evento. Posteriormente foi revisto o prontuário para confrontar a informação referente à ressuscitação cardiopulmonar com o fato registrado no prontuário. São discutidos aspectos ético-legais envolvidos na ressuscitação cardiopulmonar.
ResultadosDurante o ano de estudo houve 176 PCRs. Destas, 47 (26,7%) não foram ressuscitadas. Foram excluídos 2 casos; na avaliação de 45 pacientes, 64,4% (29/45) estavam em ventilação mecânica e 48,9% (23/45) usavam drogas vasoativas. O óbito ocorreu em 60% (27/45) na UTI. O diagnóstico à admissão mais freqüente foi sepse em 28,8% (13/45) e broncopneumonia e insuficiência respiratória em 27% (12/45). A doença de base mais encontrada foi a oncológica com 28,8% (13/45). Foi possível avaliar o registro do óbito em 40 prontuários de pacientes não ressuscitados. Em 11 destes 40 (27,5%) a descrição era: -constatado óbito- e nos outros 29 (72,5%) constava: -feitas manobras habituais de ressuscitação sem sucesso-.
ConclusãoEste trabalho comprovou que o registro inverídico no prontuário em relação aos procedimentos de ressuscitação ocorreu com muita freqüência. É injustificável a discrepância encontrada entre o que foi realizado e o que foi registrado no prontuário. Esta conduta se deve ao receio das conseqüências legais de uma conduta médica que foi adotada em benefício do paciente e é justificável, portanto, do ponto de vista ético.