Compartilhar
Informação da revista
Vol. 93. Núm. 1.
Páginas 4-5 (janeiro - fevereiro 2017)
Compartilhar
Compartilhar
Baixar PDF
Mais opções do artigo
Vol. 93. Núm. 1.
Páginas 4-5 (janeiro - fevereiro 2017)
Editorial
Open Access
Moderately and late preterms have problem recognizing faces after birth
Prematuros moderados e tardios apresentam problemas em reconhecer rostos após o nascimento
Visitas
2858
Marco Bartocci
Karolinska University Hospital, Astrid Lindgren's Children's Hospital, Medical Director Neonatology Department, Solna, Suécia
Este item recebeu

Under a Creative Commons license
Informação do artigo
Texto Completo
Bibliografia
Baixar PDF
Estatísticas
Texto Completo

Os humanos se comunicam mais com os rostos do que qualquer outra criatura.

O rosto é um sistema extremamente complexo que regula as respostas afetivas. De acordo com Heise,1 as respostas afetivas transformadas em sentimentos são a base diária para gerar eventos culturais. Assim, o rosto pode ser considerado um elemento fundamental da socialização.

A capacidade de reconhecer rostos é importante para a vida social humana e o comportamento inerente, não apenas quando adultos, mas também quando recém-nascidos. Esse dom já está de alguma forma presente no nascimento quando os neonatos expressam forte interesse por figuras parecidas com rostos e conseguem diferenciar imagens faciais e não faciais.

As crianças nascidas prematuramente podem sofrer de problemas de desenvolvimento neurológico e distúrbios neuropsicológicos diferentes dos de crianças nascidas a termo.2,3 A prosopagnosia, incapacidade de reconhecer rostos, também chamada de “cegueira de rostos”, pode ser parte de um espectro de distúrbios do desenvolvimento neurológico relacionados à prematuridade e também um evento isolado. Os neonatos prematuros são mais propensos a sofrer de prosopagnosia.4 A prosopagnosia pode ter um impacto profundo sobre a vida de uma criança, pois é uma grande deficiência social que leva à dificuldade de fazer amizades e participar de atividades sociais na escola, bem como a maiores níveis de ansiedade. Assim, é de grande interesse investigar essa área do desenvolvimento social, principalmente entre neonatos nascidos prematuramente.

O artigo de Pereira et al.5 apresenta um estudo original que aborda as preferências faciais durante os primeiros dois dias de vida e compara a reação de recém-nascidos prematuros e a termo à exposição a rostos naturais e distorcidos. Apesar da predileção por um rosto natural ter sido apresentada anteriormente em neonatos a termo tanto logo depois do nascimento6 quanto cerca de três meses depois,7 neste estudo, Pereira et al.5 focam em um grupo de prematuros tardios (IG 33-36 semanas, média 35±1,11). Um aspecto importante do estudo de Pereira5 é que ele foca em um grupo específico de indivíduos, como prematuros moderados e tardios, que representam cerca de 10% de todos os nascimentos.8

A capacidade de se orientar para uma imagem parecida com o rosto da própria espécie é comum em uma grande variedade de vertebrados, incluindo humanos, que apresentam predisposições de domínio semelhantes logo após o nascimento.9

A relevância e originalidade do estudo apresentado por Pereira et al. está principalmente relacionada ao fato de um grupo ser composto por recém-nascidos prematuros. O estudo mostra que a capacidade de diferenciar um rosto natural de um não natural é significativamente menor em neonatos prematuros quando comparados com nascidos a termo nas primeiras 48 horas.

Pereira et al. discutem possíveis razões para esses achados. As teorias do processo de reconhecimento facial Conspec e Conlern são brevemente analisadas.10 Uma alteração da Conspec possivelmente relacionada a um período menor de exploração háptica pelo bebê, que, por sua vez, pode influenciar a maturação cerebral no último trimestre da gestão, pode ser uma possível explicação.11,12

Outras possíveis explicações podem ser encontradas em um desenvolvimento atrasado ou eventualmente prejudicado de áreas fundamentais responsáveis pelo processamento das informações de áreas visuais no lobo occipital. Essas áreas incluem, por exemplo, matéria cinza que envolve o fusiforme esquerdo, a amígdala e o lobo temporal.13 Essa regiões são tocadas pelo chamado fluxo ventral, que se acredita ser responsável pelo reconhecimento de objetos, rostos e cenários.14

O estudo apresentado por Pereira et al.5 acrescenta novas informações ao entendimento dos transtornos de desenvolvimento relacionados à prematuridade, que incluem prosopagnosia.

Conflitos de interesse

O autor declara não haver conflitos de interesse.

Referências
[1]
D.R. Heise.
Understanding events: affect and the construction of social action.
Cambridge University Press, (1979),
[2]
K.M. Lampi, L. Lehtonen, P.L. Tran, A. Suominen, V. Lehti, P.N. Banerjee, et al.
Risk of autism spectrum disorders in low birth weight and small for gestational age infants.
J Pediatr, 161 (2012), pp. 830-836
[3]
F. Serenius, K. Källén, M. Blennow, U. Ewald, V. Fellman, G. Holmström, et al.
Neurodevelopmental outcome in extremely preterm infants at 2.5 years after active perinatal care in Sweden.
JAMA, 309 (2013), pp. 1810-1820
[4]
H.D. Ellis.
Recognizing faces.
Br J Psychol, 66 (1975), pp. 409-426
[5]
S.A. Pereira, A. Pereira Junior, M.F. Costa, M.V. Monteiro, V.A. Almeida, G.G. Fonseca Filho, et al.
A comparison between preterm and full-term infants’ preference for faces.
J Pediatr (Rio J), 93 (2017), pp. 35-39
[6]
C.C. Goren, M. Sarty, P.Y. Wu.
Visual following and pattern discrimination of face-like stimuli by newborn infants.
Pediatrics, 56 (1975), pp. 544-549
[7]
C. Turati, E. Valenza, I. Leo, F. Simion.
Three-month-olds’ visual preference for faces and its underlying visual processing mechanisms.
J Exp Child Psychol, 90 (2005), pp. 255-273
[8]
Centers for Disease Control and Prevention. National Center for Health Statistics. CDC Wonder online database [cited 4 August 2016]. Available from: http://wonder.cdc.gov/natality.html
[9]
O. Rosa Salva, T. Farroni, L. Regolin, G. Vallortigara, M.H. Johnson.
The evolution of social orienting: evidence from chicks (Gallus gallus) and human newborns.
[10]
J. Morton, M.H. Johnson.
Conspec and Conlern: a two-process theory of infant face recognition.
Psychol Rev, 98 (1991), pp. 164-181
[11]
M. Shibata, Y. Fuchino, N. Naoi, S. Kohno, M. Kawai, K. Okanoya, et al.
Broad cortical activation in response to tactile stimulation in newborns.
Neuroreport, 23 (2012), pp. 373-377
[12]
A. Kurjak, G. Azumendi, N. Vecek, S. Kupesic, M. Solak, D. Varga, et al.
Fetal hand movements and facial expression in normal pregnancy studied by four-dimensional sonography.
J Perinat Med, 31 (2003), pp. 496-508
[13]
J. Frie, N. Padilla, U. Ådén, H. Lagercrantz, M. Bartocci.
Extremely preterm-born infants demonstrate different facial recognition processes at 6-10 months of corrected age.
J Pediatr, 172 (2016),
96-102.e1
[14]
O. Braddick, J. Atkinson.
Development of human visual function.
Vision Res, 51 (2011), pp. 1588-1609

Como citar este artigo: Bartocci M. Moderately and late preterms have problem recognizing faces after birth. J Pediatr (Rio J). 2017;93:4–5.

Ver artigo de Pereira et al. nas páginas 35–9.

Copyright © 2016. Sociedade Brasileira de Pediatria
Baixar PDF
Idiomas
Jornal de Pediatria
Opções de artigo
Ferramentas
en pt
Taxa de publicaçao Publication fee
Os artigos submetidos a partir de 1º de setembro de 2018, que forem aceitos para publicação no Jornal de Pediatria, estarão sujeitos a uma taxa para que tenham sua publicação garantida. O artigo aceito somente será publicado após a comprovação do pagamento da taxa de publicação. Ao submeterem o manuscrito a este jornal, os autores concordam com esses termos. A submissão dos manuscritos continua gratuita. Para mais informações, contate assessoria@jped.com.br. Articles submitted as of September 1, 2018, which are accepted for publication in the Jornal de Pediatria, will be subject to a fee to have their publication guaranteed. The accepted article will only be published after proof of the publication fee payment. By submitting the manuscript to this journal, the authors agree to these terms. Manuscript submission remains free of charge. For more information, contact assessoria@jped.com.br.
Cookies policy Política de cookies
To improve our services and products, we use "cookies" (own or third parties authorized) to show advertising related to client preferences through the analyses of navigation customer behavior. Continuing navigation will be considered as acceptance of this use. You can change the settings or obtain more information by clicking here. Utilizamos cookies próprios e de terceiros para melhorar nossos serviços e mostrar publicidade relacionada às suas preferências, analisando seus hábitos de navegação. Se continuar a navegar, consideramos que aceita o seu uso. Você pode alterar a configuração ou obter mais informações aqui.