Desde o início de sua utilização na prevenção da tuberculose (TB), em 1921, outros usos da BCG (Bacillus Calmette-Guérin) têm sido propostos, particularmente no tratamento de tumores malignos sólidos, de esclerose múltipla e outras doenças autoimunes. Seu impacto benéfico em outras infecções, por micobactérias não tuberculosas e por vírus, tem sido mais estudado nos últimos anos, principalmente após a introdução do conceito de imunidade treinada. Nosso objetivo foi rever as possíveis indicações da BCG e o racional imunológico para essas indicações.
Fonte dos dadosRevisão não sistemática nas bases de dados PubMed, SciELO e Google Acadêmico, com os seguintes termos de busca: "BCG" e "histórico", "eficácia", "uso", "câncer", "imunidade treinada", "outras infecções", "doenças autoimunes".
Síntese dos dadosHá evidências epidemiológicas de que a BCG pode reduzir morbidade/mortalidade infantil geral além do que seria esperado pelo controle da TB. A BCG é capaz de promover imunidade cruzada com micobactérias não tuberculosas e outras bactérias. A BCG promove mudanças in vitro que aumentam a capacidade de resposta da imunidade inata a outras infecções, principalmente virais, por meio de mecanismos conhecidos como imunidade treinada. Efeitos no câncer, exceto no de bexiga, e em doenças autoimunes e alérgicas são discutíveis.
ConclusõesApesar de evidências obtidas por estudos in vitro, de algumas evidências epidemiológicas e clínicas, ainda são necessárias evidências mais robustas de eficácia in vivo que justifiquem o emprego da BCG na prática clínica, além do previsto pelo Programa Nacional de Imunizações para a prevenção da TB e do tratamento do câncer de bexiga.