que se leu este artigo
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Isso mostra que os fatores de risco mais importantes para a vitimização incluem o fato de ser do sexo feminino, ser bissexual ou homossexual, ter baixa autoestima e usar calmantes ou tranquilizantes. Os fatores de risco mais importantes para a prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> incluem ser do sexo masculino, ter um desempenho escolar ruim, consumir álcool, ser um transgressor e ter uma atitude favorável à violência entre pares. A identificação de fatores de risco deve ser muito útil no desenvolvimento de instrumentos de avaliação de riscos e no direcionamento de intervenções concentradas no risco.</p><p id="par0010" class="elsevierStylePara elsevierViewall">O <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> no ambiente escolar é definido como um comportamento que se destina a prejudicar, que é repetitivo e que envolve um desequilíbrio de poder (social ou físico) entre o agressor (<span class="elsevierStyleItalic">bully</span>) e a vítima.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0110"><span class="elsevierStyleSup">2</span></a> Os principais tipos de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> no ambiente escolar são receber xingamentos, ser excluído(a) pelos colegas, ser vítima de boatos desagradáveis, apanhar ou ser chutado(a) e ter seus pertences roubados.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0115"><span class="elsevierStyleSup">3</span></a> Os meninos geralmente estão mais envolvidos no <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> direto, como bater ou chutar, enquanto as meninas podem estar mais envolvidas no <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> indireto ou relacional, como espalhar boatos ou excluir outros(as) estudantes.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0115"><span class="elsevierStyleSup">3</span></a></p><p id="par0015" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Recentemente, o <span class="elsevierStyleItalic">cyberbullying</span> também se tornou um grande problema. O <span class="elsevierStyleItalic">cyberbullying</span> é definido como o <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> praticado por meios eletrônicos, como telefones celulares, mídias sociais ou internet.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0120"><span class="elsevierStyleSup">4</span></a> Uma diferença do <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> no ambiente escolar é que o autor pode ser anônimo no <span class="elsevierStyleItalic">cyberbullying</span>. Os principais tipos de <span class="elsevierStyleItalic">cyberbullying</span> são agressão ou assédio online, difamação, representação (fingir ser outra pessoa), exclusão e publicação de imagens indesejadas sexuais ou embaraçosas (especialmente para meninas). Existe uma considerável sobreposição entre <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> no ambiente escolar e <span class="elsevierStyleItalic">cyberbullying</span>. Os estudantes vítimas no ambiente escolar também tendem a ser vítimas de <span class="elsevierStyleItalic">cyberbullying</span> e vice‐versa.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0125"><span class="elsevierStyleSup">5</span></a> No entanto, vou me concentrar apenas no <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> escolar neste editorial.</p><p id="par0020" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Surpreendentemente, o artigo brasileiro relata que a prevalência de vitimização foi muito menor do que a prevalência da agressão. Obviamente, a prevalência depende muito da definição de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span>, da forma como é mensurada e do período de tempo investigado.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0130"><span class="elsevierStyleSup">6</span></a> Pesquisas em larga escala relataram que a prevalência da agressão e vitimização no mês anterior é de cerca de um terço dos estudantes.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0135"><span class="elsevierStyleSup">7</span></a> Surpreendentemente, o artigo brasileiro também relata uma prevalência muito baixa da combinação vítima‐agressor (2%). Para comparação, em um estudo na Nicarágua, a agressão foi relatada por 6%, a vitimização foi relatada por 25% e outros 19% eram uma combinação de vítima‐agressor.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0140"><span class="elsevierStyleSup">8</span></a> A combinação de vítima‐agressor geralmente é bastante comum em pesquisas sobre <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> no ambiente escolar.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0145"><span class="elsevierStyleSup">9</span></a></p><p id="par0025" class="elsevierStylePara elsevierViewall">O <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> escolar está associado a muitos efeitos indesejáveis para agressores e vítimas. Por exemplo, Anna Baldry et al. descobriram que vítimas que também eram agressores relataram mais sintomas de estresse pós‐traumático do que outros estudantes.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0150"><span class="elsevierStyleSup">10</span></a> Às vezes, é difícil determinar se fatores de risco específicos, como baixa autoestima, são causas ou consequências. Entretanto, uma revisão sistemática de estudos longitudinais prospectivos por Ttofi et al. mostraram que as vítimas de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> escolar tendem a ter depressão até 36 anos depois, mesmo após o controle de vários fatores de risco na infância.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0155"><span class="elsevierStyleSup">11</span></a> Outra revisão sistemática de estudos longitudinais prospectivos mostrou que aqueles que praticam <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> no ambiente escolar tendem a ser agressores até 11 anos depois, mesmo após o controle de vários fatores de risco na infância.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0160"><span class="elsevierStyleSup">12</span></a> Outra revisão semelhante descobriu que os agressores tendem a ser usuários de drogas até 15 anos mais tarde.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0165"><span class="elsevierStyleSup">13</span></a> Esse é o tipo de evidência mais convincente sobre as consequências da agressão e da vitimização.</p><p id="par0030" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Fatores de risco amplamente reconhecidos para a prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> incluem a influência de pares antissociais, baixa empatia, atitudes ou princípios morais antissociais e problemas de externalização, como agressão e comportamentos desafiadores.<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0135"><span class="elsevierStyleSup">7,14</span></a> Fatores de risco amplamente reconhecidos para vitimização incluem baixa autoestima, baixa competência social, baixo status em relação aos colegas (impopulares, com poucos amigos) e problemas de internalização, como ser sozinho(a), ter ansiedade ou depressão.<a class="elsevierStyleCrossRefs" href="#bib0135"><span class="elsevierStyleSup">7,14</span></a></p><p id="par0035" class="elsevierStylePara elsevierViewall">A prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> nas idades de 14 e 18 anos foi investigada em um grande estudo longitudinal de 411 meninos de Londres, no qual foram obtidas informações de colegas, pais, professores e registros, bem como dos próprios meninos.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0110"><span class="elsevierStyleSup">2</span></a> Os fatores de risco mais importantes para o <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> incluem fatores individuais, como baixo nível de inteligência, baixo rendimento acadêmico e comportamento de grande ousadia ou alto risco, fatores familiares como um dos pais estar na cadeia e má supervisão dos pais, fatores como ter pares delinquentes e não ter poucos amigos e fatores socioeconômicos, como baixa renda familiar, família numerosa e moradia precária. De muitas maneiras, os fatores de risco para a prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> são semelhantes aos fatores de risco para delinquência.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0175"><span class="elsevierStyleSup">15</span></a></p><p id="par0040" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Os fatores de proteção amplamente reconhecidos contra a prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> incluem um clima escolar positivo, um bom ambiente doméstico, alta competência social, influência pró‐social dos pares, bom desempenho acadêmico e alta empatia.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0180"><span class="elsevierStyleSup">16</span></a> Os fatores de proteção amplamente reconhecidos contra a vitimização incluem alta competência social, alta autoestima, alto desempenho acadêmico, alto status ou popularidade entre os pares, influência pró‐social dos pares, clima escolar positivo e boas relações familiares.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0180"><span class="elsevierStyleSup">16</span></a> Ttofi et al. fizeram uma revisão sistemática de estudos longitudinais prospectivos para investigar fatores de proteção que interromperam a continuidade da vitimização para problemas de internalização posteriores e da prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> para problemas de externalização posteriores.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0185"><span class="elsevierStyleSup">17</span></a> Os fatores de proteção mais importantes incluíam boas habilidades sociais, bom desempenho escolar, amigos pró‐sociais, apoio social, serem provenientes de uma família intacta e alto nível de afeição por parte dos pais.</p><p id="par0045" class="elsevierStylePara elsevierViewall">De volta à pesquisa brasileira, fiquei muito feliz ao ver que os autores optaram por analisar variáveis dicotômicas e relatar a <span class="elsevierStyleItalic">odds ratio</span>. Isso faz com que seus resultados sejam fáceis de compreender e facilita muito a comunicação com pesquisadores e formuladores de políticas, o que é muito importante. Não é difícil entender a afirmação de que a <span class="elsevierStyleItalic">odds ratio</span> de ser uma vítima de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> é 2,4 vezes maior para estudantes com baixa autoestima. Fico preocupado quando pesquisadores usam escores em escalas de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> (como “nunca” a “várias vezes por semana”) de 0 a 4 e analisam esses números como se fossem normalmente distribuídos em escalas de intervalo igual, como altura e peso. Esses escores médios não são muito significativos. Além disso, as distribuições desses tipos de variáveis de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> geralmente são altamente distorcidas, o desvio‐padrão muitas vezes excede a média, torna os intervalos de confiança sem sentido, porque o intervalo de confiança mais baixo é um número negativo.</p><p id="par0050" class="elsevierStylePara elsevierViewall">A boa notícia é que muitas intervenções baseadas no conhecimento sobre fatores de risco e proteção previnem e reduzem com sucesso o <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> no ambiente escolar. Hannah Gaffney et al. revisaram 100 avaliações de programas de prevenção de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> nas escolas e descobriram que, em geral, eles reduziram a vitimização em 15 a 16%.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0190"><span class="elsevierStyleSup">18</span></a> Esses pesquisadores também revisaram os programas de prevenção de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> nas escolas em todo o mundo e concluíram que foram mais eficazes na redução da vitimização na Itália, Espanha e Noruega.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0195"><span class="elsevierStyleSup">19</span></a> Infelizmente, a única avaliação na América do Sul (na verdade, no Brasil) que atendeu aos critérios de inclusão não produziu resultados animadores, pelo menos de acordo com as análises de Hannah Gaffney et al.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0200"><span class="elsevierStyleSup">20</span></a> Os programas mais eficazes foram o <span class="elsevierStyleItalic">No Trap!</span> da Itália, o <span class="elsevierStyleItalic">Bully‐Proofing Your School</span> dos EUA e o <span class="elsevierStyleItalic">Olweus Bullying Prevention Programme</span> da Noruega. Zych et al. recomendaram que o conceito espanhol de “convivência” fosse promovido nas escolas.<a class="elsevierStyleCrossRef" href="#bib0130"><span class="elsevierStyleSup">6</span></a></p><p id="par0055" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Existe uma grande necessidade, no Brasil e em outros países, de um estudo longitudinal de prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> e vitimização no ambiente escolar, nas faixas de 8‐10 anos a 16‐18 anos. Idealmente, deve haver avaliações anuais de prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> e vitimização e de fatores de risco e proteção variáveis. De maneira ideal, as informações devem ser coletadas de alunos, pares, professores, pais e registros escolares. Seria possível, então, documentar as mudanças intraindividuais nos fatores de risco e proteção que foram seguidas de maneira confiável pelas alterações intraindividuais na prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> e vitimização. É importante ressaltar que esse projeto estabeleceria se as mudanças nos fatores especificados (por exemplo, autoestima), precederam, seguiram ou coincidiram com as mudanças na prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> e vitimização. Por sua vez, isso traria grandes avanços sobre o conhecimento das causas da prática de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> e vitimização e iria sugerir quais fatores deveriam ser especialmente considerados como alvos nos programas de intervenção.</p><p id="par0060" class="elsevierStylePara elsevierViewall">Concluindo, fica claro que o <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> no ambiente escolar é um grande problema, que causa grande sofrimento a muitos estudantes. Há uma grande necessidade de investimentos mais amplos em pesquisas sobre esse tema e em programas de intervenção eficazes. Espero que o artigo de Georgia Silva et al. direcione a atenção para os importantes problemas de <span class="elsevierStyleItalic">bullying</span> e vitimização de crianças e jovens e para a necessidade de mais investimentos em programas de intervenção nas escolas.</p><span id="sec0005" class="elsevierStyleSection elsevierViewall"><span class="elsevierStyleSectionTitle" id="sect0005">Conflitos de interesse</span><p id="par0065" class="elsevierStylePara elsevierViewall">O autor declara não haver conflitos de interesse.</p></span></span>" "textoCompletoSecciones" => array:1 [ "secciones" => array:2 [ 0 => array:2 [ "identificador" => "sec0005" "titulo" => "Conflitos de interesse" ] 1 => array:1 [ "titulo" => "Referências" ] ] ] "pdfFichero" => "main.pdf" "tienePdf" => true "NotaPie" => array:2 [ 0 => array:2 [ "etiqueta" => "☆" "nota" => "<p class="elsevierStyleNotepara" id="npar0005">Como citar este artigo: Farrington DP. 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2024 Novembro | 14 | 9 | 23 |
2024 Outubro | 142 | 77 | 219 |
2024 Setembro | 128 | 68 | 196 |
2024 Agosto | 151 | 68 | 219 |
2024 Julho | 177 | 72 | 249 |
2024 Junho | 174 | 70 | 244 |
2024 Maio | 102 | 52 | 154 |
2024 Abril | 83 | 48 | 131 |
2024 Março | 122 | 62 | 184 |
2024 Fevereiro | 86 | 43 | 129 |
2024 Janeiro | 70 | 50 | 120 |
2023 Dezembro | 65 | 35 | 100 |
2023 Novembro | 113 | 128 | 241 |
2023 Outubro | 112 | 83 | 195 |
2023 Setembro | 101 | 72 | 173 |
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2023 Janeiro | 74 | 73 | 147 |
2022 Dezembro | 108 | 60 | 168 |
2022 Novembro | 94 | 76 | 170 |
2022 Outubro | 130 | 106 | 236 |
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2022 Fevereiro | 77 | 66 | 143 |
2022 Janeiro | 90 | 62 | 152 |
2021 Dezembro | 62 | 63 | 125 |
2021 Novembro | 90 | 92 | 182 |
2021 Outubro | 102 | 51 | 153 |
2021 Setembro | 111 | 80 | 191 |
2021 Agosto | 83 | 63 | 146 |
2021 Julho | 85 | 63 | 148 |
2021 Junho | 108 | 62 | 170 |
2021 Maio | 109 | 75 | 184 |
2021 Abril | 196 | 123 | 319 |
2021 Março | 172 | 85 | 257 |
2021 Fevereiro | 130 | 69 | 199 |
2021 Janeiro | 133 | 73 | 206 |
2020 Dezembro | 157 | 71 | 228 |
2020 Novembro | 135 | 88 | 223 |
2020 Outubro | 11 | 10 | 21 |
2020 Setembro | 24 | 30 | 54 |
2020 Agosto | 44 | 17 | 61 |
2020 Julho | 22 | 9 | 31 |
2020 Junho | 8 | 5 | 13 |